(*) Fernando Benedito Jr.
A Federação das Indústrias de Minas Gerais emitiu uma nota oficial sobre as novas tarifas de Donald Trump que revela uma vassalagem e um viralatismo explícitos. “A FIEMG entende que eventuais medidas de retaliação devem ser avaliadas com cautela, uma vez que podem trazer prejuízos significativos à sociedade brasileira e ao setor produtivo como um todo. Este é o momento de reavaliar posicionamentos, reconsiderar decisões e buscar soluções por meio do diálogo com esse parceiro estratégico”, diz o documento dos empresários mineiros.
Ora, senhores, o Brasil é quem foi retaliado por ordem dos Bolsonaro. Nem foi uma retaliação econômica, foi política. Trata-se de uma chantagem clara, como manifestou Steve Bannon, o estrategista de Trump: “Retirem o processo contra Bolsonaro que retiramos as tarifas”. O presidente norte-americano em sua carta ao homólogo brasileiro também foi claro em justificar a tarifa de 50% como um problema político, ligado ao processo de seu amigo Jair Bolsonaro, a pedido de seu filho Eduardo Bolsonaro, autoexilado nos EUA para fazer lobby contra o Brasil.
Oxalá, a posição da FIEMG não represente a totalidade de seus representados.
A FIEMG quer que o Brasil e os brasileiros aceitem a violação da soberania nacional, a interferência em assuntos judiciais internos e o desrespeito à autodeterminação em função dos lucros e interesses econômicos de uma elite que quer a desgraça do País. “Os Estados Unidos são um parceiro estratégico para o Brasil, em especial para a indústria manufatureira nacional. No caso de Minas Gerais, trata-se do principal parceiro da indústria de transformação do estado”, diz a Federação das Indústrias de Minas.
E em razão disso, devemos todos nos subordinar, ajoelhar e aceitar calados a intromissão de Trump.
Um ninho de reacionários, a FIEMG foi uma das principais articuladoras do golpe militar de 1964 em Minas Gerais, ao lado da Usiminas e outras empresas e instituições. Mais uma vez, não nega sua origem.
(*) Fernando Benedito Jr. é editor do DP.