segunda-feira, novembro 25, 2024
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O que querem os golpistas na prisão

(*) Fernando Benedito Jr.

Presos acham que estão em spa e querem sinal de celular, comida diet, sem glúten e lactose, banheiros confortáveis e outras regalias

As notícias que chegam do cárcere dão sinais claros de que os extremistas bolsonaristas que depredaram Brasília vivem mesmo numa realidade paralela. Dia desses, durante uma audiência de custódia, um dos presos ressaltou ao juiz:

– Quero deixar claro que estou sendo preso contra a minha vontade!

Ao que o magistrado respondeu:

– Lamento informar, mas é assim que funciona.

Acostumado aos churrascos de picanha e outros cortes nobres, fornecidos gratuitamente pelo agronegócio, no acampamento em frente do quartel-general em Brasília, a alimentação é outra reclamação constante dos presos. Dizem que as “quentinhas” são “lixo”, repetindo o bordão criado contra a TV Globo, e jogam fora marmistas quase cheias. Alguns, acostumados a restaurantes estrelados do Guia Michelin, reclamam dos ingredientes, do tempero, do gosto e se negam a comer até que a fome aperta. Só faltam pedir um personal chef.

E claro, como não poderia deixar de ser, reclamam do sinal de celular. Como os grupos de whatsapp são a principal arma e forma de organização e mobilização dos golpistas, sem o sinal do celular não são ninguém, ficam sem chão, isolados de sua realidade maluca e perdem a noção total.

Um relatório extenso produzido pela Defensoria Pública após visitas aos presos pelos atentados antidemocráticos traz curiosidades sobre como lidam com a situação completamente atípica nas penitenciárias. Os detentos reclamaram da comida, pediram dieta sem glúten e lactose, acharam os cobertores finos demais e foram obrigados a usar vasos sanitários sem porta ou qualquer privacidade, por exemplo.

Na hora de pedir golpe militar, vandalizar o patrimônio público, artístico e histórico, pisotearem a Constituição e se vangloriarem de toda a selvageria, não pensaram nas consequências. Só consideram a impunidade. Não deu certo.

Agora, só querem saber de direitos humanos, benefícios na cadeia, comidinha boa, conforto. Se as detenções demorarem muito, em breve vão pedir auxílio reclusão.

É realmente o fim do mundo.

(*) Fernando Benedito Jr. é editor do DP.

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