(*) Fernando Benedito Jr.
Os apoiadores de Bolsonaro agora deram para empunhar a bandeira do Brasil Império. Cultuam o velho símbolo do Brasil escravocrata, assim como cultuam o “mito” fascista. Mesmo com o assunto já encerrado pelo Congresso Nacional, insistem em criticar o voto eletrônico e acoplar a ele um comprovante auditável, para assim ficar mais fácil tumultuar as eleições em eventual derrota. Querem armas, muitas delas, no mínimo seis para cada pessoa que puder comprar, e munição à vontade. Querem afrontar as instituições que sustentam o Estado democrático de direito, a começar pelo Supremo Tribunal Federal (STF), numa escalada que vez por outra se estende ao Senado e à Câmara dos Deputados. Outra querença muito lembrada por eles é um golpe militar com Bolsonaro no poder – ou algo que o valha, como se isso já não houvesse. Foi com a deposição de Dilma e a prisão de Lula que Bolsonaro chegou ao poder, ajudado pela comoção da facada de Adélio Bispo e pelas manobras judiciais de Sérgio Moro. Querem o conservadorismo reacionário travestido da defesa da família, da propriedade privada, dos valores cristãos. Mas os mesmo que querem a preservação de tais valores, que são contra a mamadeira de piroca fake, são aqueles que erguem um enorme símbolo fálico em plena avenida Paulista no 7 de Setembro. Ou seja, são os hipócritas e falsos moralistas. Os bolsonaristas, esta ampla base que lotou a Paulista e Brasília nos atos antidemocráticos e golpistas, são aqueles empresários do agronegócio, fina flor da elite mais atrasada do País; brancos endinheirados com suas potentes caminhonetes e belos apartamentos comprados com exploração de mão-de-obra barata; gente que foi fazer dinheiro nos EUA e voltou achando que Trump é tudo de bom e o modelo de vida norte americano é o melhor do mundo, que seu sistema econômico é infalível; empresários que se locupletam às custas do governo bolsonaristas, que traficam influências e fazem negócios escusos, a ponto de quererem lucrar com a compra de vacinas e obras públicas.
Os bolsonaristas querem manter uma constante campanha eleitoral extemporânea para manter acesa a chama do atraso e tentar evitar, com seus discursos de ódio e com mentiras, que a esquerda volte ao poder; querem o fim do comunismo, do socialismo, da “venezuelização” do Brasil. Querem o fim do que não existe senão em absurdas teorias de conspiração que recriam a guerra fria num ambiente absolutamente dominado pelo capital que sustenta suas aspirações retrógradas. A única possibilidade de o Brasil transformar-se numa Venezuela é com as atitudes golpistas que partem de um governo dominado por militares, que, a depender de sua vontade, extinguiria o STF, fecharia o Congresso e governaria somente com os seus.
Estas são as pautas dos bolsonaristas. É por isso que se digladiam: pelo retorno à bárbarie e ao atraso. Pelas trevas.
E a culpa é do Alexandre de Moraes. Tenha paciência.
(*) Fernando Benedito Jr. é jornalista e editor do Diário Popular.