(*) Wanderson R. Monteiro
Podemos dizer que Jesus é a pessoa mais conhecida e importante da história. Seu conhecimento pode ser exemplificado pelo fato de Ele ser um personagem chave dentro das três maiores religiões humanas. Mesmo que Ele não seja adorado nas três, é impossível que ele seja ignorado naquelas que não o adoram. Até mesmo fora do campo religioso, entre os populares, cientistas, céticos e ateus, o nome de Jesus é conhecido pela imensa maioria, de maneira que, dois mil anos depois de sua passagem pela Terra, seu nome ainda é relevante e centro de debates e discussões, seja entre populares ou intelectuais. Jesus pode não ser adorado por todos os que já ouviram falar de seu nome, mas Ele nunca é, ou será, ignorado por eles.
Além de popularidade, o nome de Jesus também carrega uma enorme importância, de tal maneira, que dividiu a história em “Antes” e “Depois” de seu nascimento.
Assim como seu nome, a história de Jesus, narrada nos evangelhos, também é conhecida por muitas pessoas. Dentre as passagens mais conhecidas de sua vida, uma delas é aquela que se passa no Getsêmani, pouco antes da prisão. Nesta conhecida passagem, Jesus, em diálogo com o Pai, pede a Deus, “se possível”, afastasse o cálice que ele deveria beber.
Muitos, por falta de conhecimento e/ou ignorância, disseminam a ideia de que esse “cálice” seria a morte na cruz pela qual Jesus passaria, e que Ele estaria com “medo” e receio de seu sacrifício. Tal ideia beira a heresia! Jesus, em várias passagens de seus discursos, deixou claro que daria a sua vida em sacrifício; por que, então, ao chegar o momento para o qual ele nasceu e viveu, ele teria “medo” de levar a cabo os planos de Deus? Tal ideia é ridícula.
Se o cálice que Jesus temia não era a sua morte física, o que era, então, tal “cálice”?
Ao falarmos e tratarmos do Cristianismo é necessário enxergarmos o mundo da maneira como o Cristianismo nos apresenta. Nesse contexto, é muito importante termos consciência da importância e das consequências do conceito de “pecado” dentro do conceito judaico/cristão.
A Bíblia ensina que o pecado faz separação entre as pessoas e Deus (Is 59:2). O pecado, além de ser um insulto, um atentado à santidade de Deus, também impede a comunhão direta das pessoas com Deus. Jesus, com seu sacrifício, veio restabelecer esse contato perdido por causa do pecado.
Ao se encontrar com João Batista, no dia de seu batismo, Jesus é chamado de “o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. Jesus era completamente consciente de sua missão de redimir a humanidade, levando sobre si os pecados do mundo. Mas, como o pecado traz a separação entre Deus e o homem, era necessário que algo fosse feito para que a comunhão entre Deus e os homens fosse restaurada, e Deus, em sua infinita misericórdia e amor, estabeleceu um meio, um caminho, para que isso fosse feito sem que sua honra e santidade fossem manchadas e ultrajadas, sem deixar o pecado sem punição, esse caminho foi o sacrifício de Cristo.
Jesus tomou sobre si os pecados da humanidade, para que os homens voltassem a ter a oportunidade de ter comunhão com Deus outra vez e, como consequência, Jesus assumiu a pena da humanidade pecaminosa, sofrendo, assim, a separação com Deus, seu Pai, ao qual Ele sempre foi unido, expressando várias vezes que Ele e o pai eram um só. E é justamente aí que reside o sofrimento e o temor de Cristo: na separação que Ele sofreria em sua comunhão com Deus, expressa na famosa frase: “Deus meu, Deus meu, porque me abandonaste?”
Assim, entendendo o significado e as consequências do pecado dentro da cosmovisão cristã, é fácil perceber que Jesus não temia a morte física, mas, seu maior horror era a separação de Deus, a perda da comunhão com Ele, por consequência dos pecados que, durante a crucificação estavam sobre Ele, levando-o a clamar: “Deus meu, Deus meu, porque me abandonaste?” Caindo o mundo em trevas, simbolizando tudo o que estava acontecendo no Gólgota.
Assim, quando alguém disser que Jesus temia a morte física, não querendo morrer, deixa claro que não compreendeu nada sobre o Evangelho, sobre a santidade de Deus, sobre o real problema do pecado, nem sobre o motivo do sacrifício expiatório de Cristo, deixando claro também que não entende nada dos princípios básicos da fé cristã.
(*) Wanderson R. Monteiro é bacharel em Teologia pelo ICP – Instituto Cristão de Pesquisa
dudu.slimpac2017@hotmail.com
São Sebastião do Anta – MG