(*) Walber Gonçalves de Souza
Não quero com esse texto, ter a pretensão de escrever sobre Deus, primeiro que não tenho condições para tal e segundo seria muita prepotência da minha parte querer fazê-lo.
Todavia, acredito que posso escrever, dentro das minhas limitações humanas o que vejo as pessoas falarem e fazerem, dizendo que estão agindo e falando em nome de Deus. Isso sim, devemos refletir e muito.
Ao longo história podemos observar que por indizíveis vezes o ser humano usou Deus, isso mesmo que escrevi, “usou Deus”, para justificar milhares dos seus atos, independente se esses atos mereciam de fato, uma ligação com a força divina.
Por incrível que possa parecer: escravizamos em nome de Deus; matamos em nome de Deus; exterminamos povos em nome de Deus; criamos fogueiras que queimavam as pessoas em praças públicas em nome de Deus; segregamos em nome de Deus; fizemos mulheres e crianças sofrerem em nome de Deus; punimos em nome de Deus; fizemos as pessoas acreditarem que faraós, reis e tantos outros líderes políticos agiam e agem como seres “divinos”, são tantas aberrações que se fosse preciso ficaria o restante do texto citando exemplos.
A história nos mostra, portanto, que o ser humano “usou Deus”, para fazer coisas que “até Deus duvida”. Como donos da verdade, ou do paraíso, passamos a criar e atribuir um monte de regras, que seguidas, de acordo com os nossos posicionamentos, agradariam a Deus e o contrário nos deixaria perdidos, rumo ao inferno.
Mas tudo isso não ficou preso ao passado, hoje presenciamos, impressionantemente, as mesmas coisas, parece que vivemos uma nova versão da Torre de Babel, só que com um agravante, misturada ao Tribunal da Inquisição e com a aparência da Teologia da Prosperidade. Pois pelo que parece, Sodoma e Gomorra nunca foi tão real.
Friedrich Nietzsche, um reconhecido filosofo, disse uma vez que o ser humano havia matado Deus. Sua fala causou um furor, escandalizou, provocou a ira dos defensores de Deus. Mas será que ele estava errado, no sentido figurativo e reflexivo da sua fala? Pois estamos presenciando cada coisa que é de enojar.
Falar de Deus parece que virou uma bandeira, um jargão para impressionar, uma forma de autoafirmação. Assim, o que mais vemos é a hipocrisia crescer, o uso do nome de Deus em vão, e o pior, a maldade humana transfigurada em uma ação que se diz ser “divina”.
Talvez seja estupidez da minha parte, mas eu não consigo perceber a injustiça, o malfeito, a desonestidade, a corrupção, a crueldade, a morte, a dominação, o uso das pessoas, o enriquecimento desonesto… e tantos outros males, como coisas divinas. Podem fazer parte das nossas fraquezas, das nossas ações, mas associar tais feitos a Deus, é muito maldade humana.
Infelizmente, é de causar temor, ver o que se vê fazendo e acontecendo em nome de Deus. A história continua viva!
(*) Walber Gonçalves de Souza é professor e escritor.