(*) Fernando Benedito Jr.
A rapidez da oposição ao governo para difundir entre os falangistas as críticas a alta de preço de alguns produtos de primeira necessidade, entre eles, o café, o ovo e a carne, é de uma eficiência à toda prova. Provados nas melhores teorias de conspiração, têm explicação para tudo, mas em geral a culpa é do governo, não importando condições de climáticas (não existe problemas com o clima, coisa de catastrofistas), aumento de consumo (não há aumento de consumo com preços nas alturas, rebatem), mercado internacional (somos os maiores produtores do mundo, argumentam)…
Olhando assim, de soslaio, a impressão que fica é que a oposição – que não tem nenhum problema em fazer política de terra arrasada – quer mesmo é que o pobre morra de fome. Menos votos para a esquerda, pensam. Mas, dirão publicamente que é a esquerda que está matando o pobre de fome, quando se sabe que todos os esforços são no sentido de conter os preços. Ao zerar os impostos de vários produtos a ideia era tentar reduzir os preços, mas disseram que era uma medida inócua. A Conab, que funcionava com uma reserva estratégica de alimentos para ser colocada no mercado quando os preços subissem, como forma de forçar a redução, foi desmantelada durante o governo Bolsonaro para favorecer o agronegócio. Sem esta reserva de concorrência estatal, o mercado de commodities poderia impor o preço que quisesse e escolher os mercados que lhe conviesse. É a lógica da Faria Lima.
Sabe-se que o mercado do café, por exemplo, tem 2 bilhões de novos consumidores, o que por si só já é um fator de elevação de preços. E ainda tem os preços do mercado internacional muito mais atraentes, as quebras de safra por secas, geadas, tempestades. Mas nada disso importa.
O governador de Minas, Romeu Zema, por exemplo, deu uma de macaco e comeu banana com casca para demonstrar como o brasileiro está passando fome. Foi ridículo, mas as redes sociais não tem filtros e criticidade para avaliar estas coisas. O que importa é emplacar a mensagem, ainda que truncada, fake.
Embora diversos índices econômicos sejam positivos, isso não importa. Em janeiro deste ano, o Brasil registrou 137,3 mil novos empregos formais. Para a Faria Lima e a oposição isso é ruim porque o pleno emprego aquece demais a economia e aumenta a inflação.
O PIB de 2024 atingiu um patamar recorde de 3,4%, mas para estas mesmas fontes, no 4º trimestre desacelerou. É uma forma de ver as coisas…
As distorções políticas fazem parte do jogo. É bem certo que ninguém come PIB que certos índices benéficos para a economia do País, necessariamente não se repartem e passam longe de serem compartilhados com os pobres.
É natural jogar o tijolo na vidraça, mas daí a atear fogo na casa são outros quinhentos. Mas vindo de quem vandalizou Brasília no 8/1 não é de se estranhar.
Estranho é o silêncio destes mesmos opositores quando Trump taxa o aço brasileiro em 25% e desestabiliza a cadeia produtiva do setor siderúrgico.
(*) Fernando Benedito Jr. é editor do DP.