Robinson Ayres Pimenta
Sou militante do PSOL. Conversando com amigos e amigas, filiados ou próximos do PDT, me preocupou a presença dentre eles da OPÇÃO PELO VOTO NULO nesse segundo turno. Tenho-me esforçado para compreender o que os levaram a aventarem tal escolha, o que fundamenta esta opção.
Vou tentar ir direto ao assunto. Creio que o principal responsável por isso é a posição adotada por Ciro Gomes durante todo o processo eleitoral. Lamentavelmente, Ciro comete grandes erros nos últimos tempos. Primeiro, em 2018, tombando às suas mágoas, desertou a trincheira da resistência democrática e ficou assistindo, à distância, desde Paris, a construção da tragédia do povo brasileiro. A vitória eleitoral e a entronização de um PROJETO POLÍTICO NEONAZISTA que hoje estamos enfrentando e temos a responsabilidade de derrotar, eleitoralmente, no dia 30 de outubro. DERROTAR ELEITORALMENTE, que a vida continua e o trecho vai ser longo!
Ciro poderia ter saído, em 2018, como exemplo de grandeza, de quem não submete suas decisões políticas, nem as pouco relevantes, aos seus ressentimentos e dissabores. Nem negocia ou transige com princípios. Poderia ter saído como protagonista incontornável na resistência e CONSTRUÇÃO DEMOCRÁTICO-POPULAR DESTE NOSSO PAIS. Mas preferiu trilhar outros caminhos.
Agora, em 2022, Ciro pretendendo alojar sua legítima candidatura num campo de 3ª via, namorou até com as BASES DO BOLSONARISMO, na busca de se credenciar para o papel e, para isso, TRATOU DE FORMA SIMÉTRICA LULA E BOLSONARO, como se os dois fossem em tudo iguais, com sinal trocado. O que interessa, ou a consequência, é que, para Ciro, a escolha de um ou de outro seria indiferente.
Não vamos nos deter em discutir Ciro Gomes. Mas, mais um registro. Nesse segundo turno, o que justifica o alheamento de Ciro Gomes, que não diz uma só palavra? O povo brasileiro enfrentando a ameaça Neonazista, e onde está Ciro? Deveria estar onde todos devemos estar, na primeira linha de tiro! Nas barricadas, que aqui ninguém se rende!
Não acredito que, com a inteligência que tem, o Ciro de fato pense isto. Lula não é igual ao BOZO! A afirmação do contrário, na campanha, essa DESONESTIDADE INTELECTUAL, tinha uma razão instrumental que não se conseguia ocultar: abrir espaço para uma candidatura, submetida ao torniquete de uma sociedade polarizada. E Ciro, brilhante, como é, sabia disso. A essa posição de Ciro Gomes, Lenin denominaria oportunismo. Oportunismo, sacrificar questões fundamentais, de princípio, estratégicas, por ganhos imediatos, menores. Por isso Ciro insistiu sempre em colocar um sinal de igualdade: Lula igual Bolsonaro! E sabemos que não é. Você sabe que não é!
Penso que daí nasce a tendência ao voto nulo de alguns companheiros e companheiras do PDT. Se Lula é igual a Bolsonaro fica indiferente a vitória de um ou de outro. Sendo assim, meu voto nulo, pensam alguns e algumas Pedetistas, é uma manifestação de protesto, de negação dos dois. Isso se existisse a tal simetria entre os dois candidatos. Mas não há, os dois candidatos são muito diferentes, expressam projetos inabsorvíveis, apesar de seus limites. e é aí que reside o problema.
Vamos lá. Primeiro, não concordo com os que procuram reduzir o voto nulo a uma posição de abstenção, não percebendo (ou ocultando por conveniências) as suas diferenças abissais com o VOTO EM BRANCO. Não! O voto nulo é um voto legítimo, uma posição política ativa que bem decidido tem uma força não desprezível. Veja só. Durante os 10 primeiros anos da ditadura civil militar, nós que nos opúnhamos a ela, VOTAMOS NULO E FIZEMOS CAMPANHA PELO VOTO NULO, posição que somente foi abandonada no ano de 1974, quando o velho MDB (oposição consentida) varreu a ARENA (Partido da Ditadura. Se me lembro bem, o Ciro passou por ele) de norte a Sul do País. A queda da Ditadura entrara definitivamente na pauta. E ali, inícios dos anos 1970, são retomados os passos para a organização partidária da classe trabalhadora. Até 1974, o nosso voto nulo, que expressava a negação de todo o Sistema, a nossa posição radical contra a Ditadura, oposição que muitos fizeram de armas na mão, engravidava as urnas.
O VOTO NULO, consciente, é um voto de negação ativa. O voto em branco é um voto de alheamento. E no caso dos camaradas do PDT isso poderia ser traduzido desta maneira. Os dois candidatos são iguais (a simetria Cirista) logo, a escolha entre um e outro não se justifica, não é mesmo? Por isso, meu VOTO NULO!
Mas, e se a tal simetria não existir, como não existe, já pensou nisso? Nesse caso, qual é o verdadeiro significado e consequência de sua decisão de negação dos dois? O que, nessa circunstâncias, significa o seu voto nulo? Já pensou nisso?
Bem, indo direto ao assunto. A SIMETRIA não existe! LULA não é igual a BOLSONARO. Para não me alongar muito que a eleição é daqui a 4 dias, BOLSONARO É NEONAZISTA! Lula é um Reformista liberal burguês, se tanto! Não vai além do cercadinho da Ordem. O PT não passa hoje de um partido da ordem. Mas o que importa é que LULA não é BOLSONARO. E LULA, nesse momento é o caminho que temos para derrotar o NEONAZISMO, eleitoralmente, e isso não é pouco.
Se tenho razão, se não há a tal simetria, o VOTO NULO no dia 30, lamentavelmente, desveste-se de seu caráter insurgente da década de 60 e se torna o seu contrário. Desveste-se de qualquer pretensão progressiva. Votar nulo hoje, não havendo a tal SIMETRIA, é colaborar com BOLSONARO, a conclusão é incontornável. A conclusão é dura. Mas, o nosso papo é fraterno. Papo de quem caminha e quer continuar caminhando junto com vocês. E torce para que reflitam e alterem suas escolhas, que ainda há tempo!
Precisamos, camaradas, não apenas de seu voto. Precisamos de seu empenho, nesta reta final. Precisamos de seu voto em LULA. Não podemos deixar para os que vem depois de nós o legado de nossa derrota e suas consequências. A transformação de nosso país no covil da extrema direita internacional.
Nossa tarefa não é simples e vamos precisar de todo mundo. Nossa tarefa é: ELEGER LULA! GARANTIR SUA POSSE! CONSTRUIR GOVERNABILIDADE POPULAR!
Por fim, camaradas, votar nessa eleição, significa, no mínimo, escolher o governo ao qual preferimos fazer oposição.
EU PREFIRO LULA!