(*) Fernando Benedito Jr.
Se Lula piora o dólar cai, se Lula melhora o dólar sobe. Como se a morte do presidente representasse o fim da ameaça ao capitalismo. O mercado abutre tenta se explicar dizendo que não deseja a morte de Lula e que a volatilidade da moeda americana, europeia e da Bolsa acontece em razão da possibilidade ou não do presidente disputar o próximo pleito presidencial em 2026, coisa para daqui a dois anos, que acaba se refletindo na oscilação.
A situação, realíssima, é ilustrativa do valor que o mercado especulativo e o capital dão à vida do ser humano de maneira geral. Não que o mercado vá oscilar ante o risco à vida de qualquer cidadão, longe disso, quer mais é morram em guerras, pandemias, desastres naturais e tudo quanto é miséria humana da qual possam tirar algum lucro e proveito.
A situação com Lula ao centro só serve para dar mais brilho ao assunto, já que é uma personalidade pública de grande expressão. Mas o capital – e grande parte daqueles que o representam – quer mesmo é que o presidente morra.
É interessante este desejo, porque por mais que o governo Lula se preocupe com as questões sociais, não parece desejar a morte do capitalismo. Ao contrário, parece ser um seu aliado, tímido e vergonhoso, mas aliado. Pontualmente, atinge alguns de seus interesses, como ao defender o meio ambiente e, supostamente, prejudicar o agronegócio, mas a maior carga de crueldade é repleta de preconceito mesmo, de ódio de classe, de interesses corporativos, cartoriais e inconfessáveis contrariados.
(*) Fernando Benedito Jr. é editor do DP.