segunda-feira, novembro 25, 2024
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O lobo mau está solto na Estrada do Parque

(*) Fernando Benedito Jr.

O reacionarismo político, o atraso, a falta de consciência ambiental, a ignorância sobre as mudanças climáticas e sobre os eventos extremos que o mundo vem experimentando, não pode ser permitido a pessoas que ocupam lugar de destaque na cena pública, principalmente no espaço político. São os eleitores que devem dar cabo disso de uma vez por todas, riscando do cenário estas pessoas que se ufanam e se orgulham de peito aberto de declararem guerra à natureza que, em última análise, é a guerra contra si mesmos.

O governador Romeu Zema, os prefeitos da região e a deputada estadual Rosângela Reis, curiosamente, ex-Partido Verde, são algumas destas lideranças que insistem em “trazer o progresso”, abrindo estradas, mesmo que sejam dentro de territórios como o Parque do Rio Doce, uma reserva de biosfera de Mata Atlântica, cuja importância nestes tempos de destruição é inegável, embora todo o negacionismo climático e democrático.

Estes defensores e defensoras do “progresso”, querem abrir estradas e pontes que vão levar à destruição, mas afirmam que irão encurtar distâncias. A única distância a ser encurtada é entre a vida e a morte: da fauna, da flora e do próprio homem, lentamente. Assim, na distância, na velocidade e forma como estão fazendo.

O Parque Estadual do Rio Doce é uma importante referência ambiental e turística do Vale do Aço e de Minas Gerais e por isso mesmo deve ser preservada. É um dos poucos refúgios de espécies da flora e fauna da Mata Atlântica que ainda restam e, portanto, um celeiro de riquezas naturais que não pode ser destruído sob os argumentos chinfrins de políticos oportunistas.

Em nenhum momento se propuseram a discutir os impactos, o custo-benefício de uma eventual recuperação da Ponte Queimada, da estrada que corta o Parque, mas entenderam que era mais viável o ataque às defesas naturais, por si só, fragilizadas.

Interessante observar o silêncio sepulcral dos prefeitos das demais cidades no entorno do Parque a respeito dos intentos de seus homológos de Pingo D’água, Bom Jesus do Galho e Marliéria. É de se supor que estejam de acordo, afinal, a Estrada do Parque vai incrementar o comércio, gerar empregos, alavancar a economia, que é o argumento idiota e recorrente que adoram usar.

Eis uma causa absolutamente desnecessária. Uma pauta absurdamente ridícula e atrasada. Uma proposta que vai na contramão de todo o bom senso.

Mas a julgar pelo nível de consciência política dos envolvidos, a toada seguirá assim, até que não haja água.  

(*) Fernando Benedito Jr é editor do Diário Popular.

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