(*) Fernando Benedito Jr.
A série “O Homem do Castelo Alto” (The Man in the High Castle, no original), em cartaz nos melhores streamings, inspirada no romance de Philip K. Dick, faz um exercício distópico de imaginar a vitória da Alemanha e do Eixo na 2ª Guerra Mundial. Segundo esta versão fictícia dos fatos, os EUA e seus aliados são ocupados e dominados pela Alemanha nazista e pelo Império japonês. Na série, entre outras cenas improváveis, a bandeira da suástica é hasteada em Nova York e o nazismo subjuga o imperialismo da Costa Leste à Costa Norte que, claro, resiste – mas a vida na “gringa” nunca foi tão difícil.
Menos difícil de se imaginar é se Bolsonaro tivesse vencido as eleições no Brasil. Nada isso estaria acontecendo. O traidor do Eduardo Bolsonaro não precisaria estar lá fazendo intrigas contra o Brasil, Trump não precisaria criar tarifas contra o País e nem baixar a lei magnistky contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o Escritório para Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado dos EUA não precisaria ficar todo dia emitindo uma nota ameaçadora contra autoridades brasileiras, etc. Bastaria pedir.
Bastaria um e-mail para mr. Jair Bolsonaro pedindo para abaixar os preços, o topete, as calças.
– Dear, mr. Presidente, hoje vamos comprar a soja por US$ 1,50, o kg, o café a US$ 1,60 a saca, o petróleo a US$ 2,30 o barril…
E pronto. Negócio fechado. Se Trump engrossasse a voz e ameaçasse com uma bravata, a reação, certamente, seria:
– Take easy, mr. presidente. Vamos chamar o embaixador: Eduardo!
E o Eduardo entregava tudo, de graça mesmo. O nível de idolatria dos traidores aos símbolos norte-americanos é curioso para quem era “patriota brasileiro” até uns dias atrás. A rapidez da mudança revela o nível da falta de caráter, da “firmeza” no compromisso com os interesses nacionais. É uma covardia bem sintomática e típica desta “brava gente” da extrema direita, cuja noção de estado, de democracia e de território depende de seus interesses pessoais e familiares, de quanto levam no negócio.
Havia um tempo em que gente assim ia direto para o paredão.
(*) Fernando Benedito Jr. é editor do DP.