Bolsonaro no cercadinho: tentativa de tumultuar virou contra
A denúncia de Bolsonaro de que emissoras de rádios do Norte e Nordeste não estavam fazendo suas inserções e, desta forma, lhe tiravam os votos que não teve, é de tal forma incompetente que arrola, inclusive, emissoras que lhe são favoráveis. Antes de ir para o cercadinho bradar contra o STF, Bolsonaro usou sua condição de comandante em chefe das Forças Armadas para convocar uma reunião com os comandantes militares que já estar putos com isso para dizer que ia radicalizar como Supremo. Chegou no cercadinho mais manso do que saiu da reunião, já meio sozinho.
Lá, criticou Alexandre de Morais (de novo), que detonou o relatório de Bolsonaro e ainda mandou investigar o “esquema” da denúncia. O “relatório” incluía rádios que não veicularam as inserções porque a campanha de Bolsonaro simplesmente não as enviou. Elenca uma rádio cuja frequência refere-se à outra emissora e por aí vai. A campanha bolsonarista tinha dito que mais de 1 milhão e 700 mil veiculações ficaram sem fazer. O relatório deles mesmos mostrou apenas 170. Redondos 1%.
É uma incompetência que reflete o próprio governo e quem o comanda. Então, se a tentativa de tumultuar as eleições para dar um golpe vai nesta direção, pode-se dormir tranquilo. Não vai ter golpe.
Parece que a ideia principal da denúncia bolsonarista era tumultuar. Mas, o presidente ficou sozinho na empreitada, sem o apoio dos seus aliados do Centrão na investida idiota. E o STF, claro, não caiu na nova armadilha.
Mas, além da ideia principal, parece que tem outra. E se organizar direitinho dá para ganhar um bom dinheiro com ela. É só contratar mais umas três auditorias tipo esta Audiency, de Santa Catarina (deve ser indicação do véio da Havan), pagar um tantão de dinheiro para elas e depois da eleição receber um tantão de dinheiro de volta.
Pode até não ser engraçado, mas esta reta final da eleição está ficando tragicamente cômica.
(*) Fernando Benedito Jr. é editor do DP.