Fernando Benedito Jr.
Por se tratar de um mentiroso contumaz, tudo aquilo que atribui aos outros quase sempre é atributo do próprio Jair Bolsonaro. Entre tantas falácias destaca-se essa inverdade que atribui à esquerda a chamada “venezualização” do Brasil. Desde que assumiu o mandato, todas as atitudades de Bolsonaro são no sentido de criar no País situações parecidas com aquelas existentes no País vizinho, que o capeta tanto tenta demonizar. Seu colega militar, igualmente indisciplinado, o finado Hugo Chavez, não faria melhor.
Foi Bolsonaro e nenhum outro presidente quem militarizou o governo, entregando aos militares nada menos que 92 postos de chefia, além de ministérios ao longo do mandato.
Foi Bolsonaro quem buscou a todo custo destruir os pilares da democracia, questionando suas instituições, em particular o STF, o TSE e o voto eletrônico.
Durante todo o seu governo, Bolsonaro defendeu a volta do regime militar, elogiou torturadores, proferiu discursos de ódio, estimulou o armamento da população civil, estimulou ações ilegais e inconstitucionais das forças de segurança.
Suas declarações provocaram atos de violência contra civis, causaram a morte de indígenas, negros, mulheres e o aumento da violência em terras indígenas.
Bolsonaro utilizou a máquina pública em campanha eleitoral de maneira vergonhosa e acintosa, sem que a justiça nada fizesse para não elevar ainda mais a temperatura em período eleitoral. Nada muito diferente do que fez Hugo Chavez ou Maduro.
Agora, o presidente e seus asseclas anunciam a intenção de aumentar o número de ministros na Suprema Corte, como forma de dominar por completo a cena judiciária no País. Aumentar e, claro, nomear os novos ministros, todos alinhados com suas diretrizes como os terrivelmente bolsonaristas Nunes Marques e André Mendonça. Interferir na Suprema Corte foi uma das principais medidas adotadas na Venezuela para que o caudilhismo de Chavez e de seu sucessor Nicolas Maduro se perpetuasse no poder.
Ainda assim, quem quer transformar o Brasil numa Venezuela são os outros, é a oposição. Haja paciência…
(*) Fernando Benedito Jr. é editor do DP