terça-feira, outubro 22, 2024
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O antagonismo do Pequeno Príncipe e a economia brasileira

(*) Thales Aguiar – Jornalista e escritor

Caros leitores, se Antoine de Saint-Exupéry tivesse que escrever “O Pequeno Príncipe” no Brasil atual, certamente o menino sonhador veria sua rosa murchar antes mesmo de entender o porquê. Em vez da história se passar entre asteroides e desertos, o pequeno príncipe teria que enfrentar a dura realidade de um país atolado em uma economia cheia de promessas e vazia de resultados. Talvez aqui, ao invés de baobás, ele teria de lutar contra um inimigo muito mais destrutivo: a falta de planejamento econômico e as ilusões vendidas a um povo já exausto.

A metáfora de “cativar”, palavra tão importante para o Pequeno Príncipe, assume um significado diferente no Brasil. O governo tenta cativar a população com promessas de crescimento, inflação controlada e recuperação econômica. Mas a verdade é que a realidade brasileira está mais para uma rosa enclausurada, sufocada por juros altos, falta de investimentos e uma desigualdade social gritante. Enquanto os economistas do governo tentam vender uma imagem de controle, o país continua patinando entre recessões técnicas e avanços pífios.

Assim como o menino era constantemente desiludido pelos adultos que conhecia ao longo do tempo, o brasileiro comum vive cercado por discursos otimistas que se provam frágeis diante da dura realidade. O PIB brasileiro, que deveria ser um dos principais motores de uma economia emergente, cresce a passos de tartaruga. A inflação, embora não esteja mais nas alturas como em décadas passadas, permanece como um fantasma que nunca abandona o cenário econômico, corroendo o poder de compra e as esperanças de uma vida melhor. O Pequeno Príncipe, no Brasil, veria que seu esforço para cuidar da rosa seria em vão. Os juros estratosféricos, a carga tributária sufocante e a instabilidade política são como os espinhos que, em vez de proteger, ferem aqueles que tentam crescer e investir. O setor produtivo, especialmente os pequenos empresários, enfrentam um labirinto burocrático que só favorece os grandes conglomerados, aqueles mesmos que o príncipe poderia ver como os “homens de negócios” sem alma, que acumulam estrelas sem saber por quê.

Ao final de sua jornada, o pequeno príncipe aprenderia que, no Brasil, a economia não é apenas uma ciência, mas um conto mal contado, cheio de ilusão e desapontamentos. Ele poderia voltar ao seu asteroide, decepcionado, percebendo que a verdadeira riqueza não está nas promessas feitas por líderes, mas na simplicidade e na justiça, duas coisas que, por aqui, parecem tão distantes quanto a estrela de onde ele veio.

(*) Thales Aguiar – Jornalista e escritor

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