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Novas espécies de margaridas amarelas são descobertas no Norte de Minas

Estudo reforça região como um dos maiores polos de biodiversidade do país

Pesquisadores do Norte de Minas descobriram três novas espécies de margaridas amarelas, elevando para 11 o número de novas espécies no Plano de Ação Territorial para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção (PAT) Espinhaço Mineiro. A região, carente de estudos sobre biodiversidade, se revela como um “hotspot” para descobertas científicas.

As pesquisas foram viabilizadas pelo Plano de Ação, coordenado pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) e parte do Projeto Pró-Espécies: Todos Contra a Extinção, uma iniciativa do Ministério do Meio Ambiente, em parceria com 13 estados e executado pelo WWF-Brasil.

O financiamento permitiu expedições entre 2022 e 2024, resultando na identificação de novas espécies, incluindo um novo gênero botânico. Até o fim de 2025, a expectativa é que dez novas espécies sejam descritas, consolidando o Norte de Minas como um dos maiores centros de biodiversidade do Brasil.

O estudo foi liderado por Vinícius R. Bueno, doutor em botânica, diagnosticado com a Síndrome de Charcot-Marie-Tooth, uma doença neurológica degenerativa

NOVAS ESPÉCIES

As três novas margaridas pertencem ao gênero Calea, nomeado a partir do grego “kallos” (beleza). As espécies recém-descobertas são:

● Calea roqueana: homenagem à pesquisadora Nádia Roque, falecida antes de receber a distinção.

● Calea riopardensis: nomeada em referência à cidade de Rio Pardo de Minas.

● Calea strigosa: destaca-se pelos tricomas (semelhantes a pelos) no caule e nas folhas.

 Calea riopardensis* e Calea strigosa foram encontradas no Parque Estadual Serra Nova e Talhado, enquanto Calea roqueana foi localizada no Pico da Formosa, em Monte Azul, além de Licínio de Almeida, na Bahia.

As novas espécies são endêmicas e correm risco de extinção. Sua identificação é crucial para embasar estratégias de conservação, com a participação do IEF, ONGs e a Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço.

Gabriela Brito, coordenadora do PAT Espinhaço Mineiro, destacou que, apesar da rica biodiversidade, a região foi historicamente negligenciada. “O reconhecimento dessas novas espécies reforça a necessidade de mais investimentos e estratégias de conservação”, disse.

INCLUSÃO

A descoberta também sublinha a importância da inclusão de pessoas com deficiência na ciência. O estudo foi liderado por Vinícius R. Bueno, doutor em botânica, diagnosticado com a Síndrome de Charcot-Marie-Tooth, uma doença neurológica degenerativa.

Apesar das dificuldades físicas e preconceitos, Vinícius se consolidou como referência no estudo do gênero Calea.

“Disseram que minhas limitações físicas comprometeriam meu trabalho, mas eu queria provar que isso não me impediria de contribuir para a ciência”, afirmou Vinícius.

Embora não possa realizar expedições em áreas remotas, Vinícius usou tecnologia e redes de colaboração para conectar-se com botânicos de todo o Brasil, acessando herbários e bases de dados digitais.

FUTURO DA PESQUISA

Além das publicações científicas, os pesquisadores do PAT Espinhaço Mineiro estão criando um guia ilustrado da flora do Norte de Minas, com imagens detalhadas das novas espécies. O Projeto Pró-Espécies continua a apoiar a pesquisa e a conservação da biodiversidade, dando visibilidade a regiões pouco estudadas. Espera-se que essas descobertas reforcem as estratégias de proteção ambiental e assegurem a preservação dessas espécies para as futuras gerações.

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