IPATINGA – “Massacre de Ipatinga, versão dos autos”, é uma web série que estará disponível a partir do dia 19 de dezembro nos canais de Nilmar Lage e que foi pensada para compartilhar parte de uma versão pouco visitada pelo público sobre esse evento histórico na cidade de Ipatinga – MG, sede da siderúrgica Usiminas. Uma leitura parcial do inquérito 2.035, da corregedoria da Polícia Militar e do processo administrativo da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, que investigaram responsabilidades sobre o assassinato de sete trabalhadores e uma criança acontecido em 07 de outubro de 1963.
MASSACRE
De acordo com as informações do processo, a Usiminas vigiava a organização dos trabalhadores e temia uma greve que reivindicava melhores condições de trabalho prevista para o dia 07 de outubro de 1963. Na noite do dia 06, após uma assembleia entre os operários, a Polícia Militar foi chamada à portaria da Usiminas para conter um possível conflito entre vigilantes da siderúrgica e trabalhadores. A PM agiu na portaria da empresa, mas seguiu com violência desproporcional para o bairro onde ficavam os alojamentos que abrigavam operários da Usiminas.
Após a violência da noite e início da madrugada, a manhã do dia 07 foi marcada por um movimento paredista, no qual não havia uma liderança específica, na portaria da Usiminas. A PM foi novamente acionada, uma reunião entre lideranças dos trabalhadores, diretores da empresa, a Polícia Militar e o Padre Avelino, tentava atender a demanda vinda dos operários e finalizar o movimento. Em algum momento, disparos foram feitos a partir de um soldado que estava em cima de um caminhão contra a massa de trabalhadores.
Uma ação arbitrária, na qual seis trabalhadores e uma criança faleceram no ato. Após alguns dias internado, a oitava vítima faleceu na casa de saúde e ainda hoje pelo menos duas outras pessoas encontram-se desaparecidas desde a manhã do dia 07.
EXCLUDENTE DE ILICITUDE
O julgamento dos policiais envolvidos só foi finalizado em 1965, em plena ditadura militar. Os PM foram inocentados sob alegação de excludente de ilicitude. Os trabalhadores, mesmo sem provas e com muitas contradições nos depoimentos dos policiais, foram considerados comunistas, comunistas eram inimigos.
Este trabalho não é conclusivo, ele tenta dar visibilidade às informações públicas contidas no processo, mas que não são de simples acesso pelo público em geral.
FICHA TÉCNICA
Direção e Imagens: Nilmar Lage
Edição: Thiago Moreira
Almeida: Julliano Mendes
Figurino: Fernanda Tropia