segunda-feira, novembro 25, 2024
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Neste caso, quem cala, consente

(*) Fernando Benedito Jr.

O silêncio de Jair Bolsonaro em depoimento à Polícia Federal contrasta gritantemente com suas bravatas golpistas em frente aos quarteis. Com sua vontade ensurdecedora amplamente noticiada e publicamente exposta em motociatas, carreatas, encontros com o agronegócio, nas articulações com militares e subalternos, nas reuniões com ministros e diplomatas. No discurso mentiroso contra as urnas e o voto soberano do povo, proferido diariamente no “cercadinho”. Contrasta com sua vontade de falar no ato convocado para o próximo dia 25, em São Paulo. Um silêncio conveniente, covarde, que diz muito. A própria negação de suas intenções golpistas é covarde. Suas palavras ainda ressoam nas cabeças daqueles que tem alguma memória.

Só os obtusos sequazes não percebem que Bolsonaro é um pusilânime. Não fica pedra sobre pedra no seu entorno. Os que não caem de um jeito, caem de outro. Mas, todos caem.

Segundo a Teoria da Espiral do Silêncio, as pessoas não falam por alguns motivos. Não expressam porque temem ser excluídos do grupo que pensa diferente, porque têm medo de expor suas opiniões. Não parece ser o caso, já que se dispõe a falar no trio elétrico na avenida Paulista.

A defesa do ex-presidente alega que não teve acesso aos autos. Não conhecem as minúcias das investigações como a quebra de sigilos telemáticos, por exemplo. Na verdade, sabem mais do que o necessário. Sabem tudo. Mas preferem se utilizar de subterfúgios e chicanas para colocar a culpa em outrem, fingir perseguição, como sempre fazem. E aquilo que não sabem é porque não precisam saber mesmo, caso contrário, iriam vazar informações, prejudicar as investigações, distorcer os fatos, criar teorias conspiratórias e fake news.

O fato é que o processo contra a tentativa de golpe contra o Estado Democrático de Direito segue seu curso. E assegura o direito à ampla defesa, ao contraditório. No regime que ele queria implantar, não teria direito a tais prerrogativas;

Se não fala, é porque não quer, não tem argumentos ou teme ficar ainda mais enroscado.

Neste caso, o silêncio diz muito.

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