quarta-feira, novembro 27, 2024
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Na OMS, general mente sobre realidade da pandemia no Brasil

Ministro interino esconde dimensão da crise e mostra um governo que funciona

BRSASÍLIA – O general Eduardo Pazuello, ministro interino que lidera a pasta da Saúde, apresentou na OMS um cenário do Brasil distante da realidade que vive o país. Ele garantiu à comunidade internacional que o governo de Jair Bolsonaro atua em “diálogo” com o restante das esferas de poder e indicou o apoio de Brasília às diferentes regiões. Em seu discurso diante da Assembleia Geral da Saúde, organizada pela OMS nesta segunda-feira, o novo chefe do Ministério da Saúde não citou uma só vez a própria OMS, nem o salto no número de casos e nem o fato de o presidente insistir em não seguir e até criticar as recomendações da entidade.

Pelos dados da OMS, o Brasil é o local com o quarto maior número de casos no mundo. O discurso do general mais parecia de ser de um país que tinha lidado com a crise com êxito. Mergulhado em conflitos e tensões, o governo Bolsonaro tem liderado ataques contra governadores estaduais, ameaçado o Congresso e pressionando o Judiciário. Nada disso, porém, fazia parte do discurso de Pazuello. Por vídeoconferência, ele se apresentava diante de uma foto do presidente e da bandeira do Brasil.

DIÁLOGO

“Como sabemos, o Brasil tem dimensões continentais e diferenças regionais importantes que exigem uma estratégia apropriada para cada um deles”, disse. Segundo o novo ministro, o governo atua “por por meio do diálogo com os três níveis de governança”. “O governo federal diariamente acesso a situação de risco, apoia estados e cidades com os recursos necessários para mitigar os efeitos da pandemia”, garantiu o general. Sem citar o caos em Manaus, ele indicou que tem ajudado as regiões como Norte e Nordeste a lidar com a crise.

EVIDÊNCIAS

Pazuello ainda indicou que sua pasta tem “ajustado seus protocolos, baseado em evidências e nas necessidades dos mais afetados”. Uma mudança de protocolos forçada por Bolsonaro para incluir a cloroquina foi um dos motivos que levou à queda de seu segundo ministro da Saúde. Alianças internacionais No discurso, o general não citou uma só vez o termo “OMS” e nem seu diretor-geral, Tedros Ghebreyesus, uma prática comum em falas na Assembleia Geral. Nos últimos meses, Bolsonaro tem criticado o chefe da agência e ignorado suas recomendações. Pazuello, porém, indicou que o Brasil “reforça o compromisso em apoiar a participar em iniciativas internacionais”. Uma delas seria o Solidarity Trial, uma pesquisa mundial conduzida pela OMS com pacientes em todo o mundo. Segundo o general, são eventos como esse que “reforçam a cooperação internacional”. Ele também insistiu que o Brasil quer buscar acesso universal a diagnósticos, tratamentos e vacinas.

EXCLUÍDO

O governo Bolsonaro, entretanto, não foi convidado para fazer parte de uma iniciativa da OMS para o desenvolvimento de uma vacina, ao lado de europeus e mais de 40 países. Na OMS, o trecho do discurso que cita a vontade de participar em iniciativas internacionais foi interpretado como um sinal de que o governo espera não ficar isolado.

MENTIRAS

Durante o discurso, o general ainda explicou como estava estruturada a resposta do governo federal, com o Planalto responsável por coordenar e monitorar, enquanto cabia ao Ministério da Saúde definir estratégias de saúde. A impressão passada era de um governo que funciona e sabe lidar com a crise. Nenhuma referência foi feita aos eventos e aglomerações com a participação do presidente. O general ainda aproveitou o evento para mostrar solidariedade às famílias das vítimas, no Brasil e no mundo. Só não disse que, quanto o número de mortos no país já era elevado, o presidente apenas disse: “e daí?”

ALERTA

A entidade começou seu debate com um alerta duro por parte do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, que criticou governos que não deram ouvidos aos alertas da OMS ou suas recomendações. A reunião ainda contou com a participação de presidentes como Emmanuel Macron, Xi Jinping e outros.

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