segunda-feira, novembro 25, 2024
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Mulheres defendem políticas públicas para demandas do pós-pandemia

BRASÍLIA- Sem renda, com sobrecarga nos trabalhos domésticos e mais violência em casa: essa é a realidade de muitas mulheres no contexto da pandemia de covid-19. Essas situações sempre estiveram presentes, mas se intensificaram a partir de 2020. No Dia Internacional da Mulher, comemorado hoje (8), a Agência Brasil conversou com mulheres que atuam no combate às desigualdades e no apoio às suas comunidades.

“Os seres humanos são dependentes desse trabalho de cuidado. Ele é fundamental para uma sociedade funcionar e essa ação está prioritariamente sobre responsabilidade das mulheres. Isso é algo que a sociedade deveria reconhecer e repensar”, propõe Sônia Coelho, da Sempreviva Organização Feminista (SOF). Ela explica que a sustentabilidade da vida está nas mãos de um trabalho invisível e não remunerado, feito por mulheres.

CUIDADOS

Pesquisa da SOF, realizada em 2020, mostrou que 50% das mulheres brasileiras passaram a cuidar de alguém na pandemia. O percentual é maior entre as mulheres negras, atingindo 52%. Entre as mulheres brancas, o índice é 46%. “Além de carregar o peso do trabalho de cuidar, elas sofreram impacto pela perda da renda, perda do emprego, dificuldade de acesso aos programas de proteção social”, afirma Maitê Gauto, gerente de Programas e Incidência da Oxfam Brasil.

FORÇA DE TRABALHO

De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese), em boletim especial para esta data, no terceiro trimestre de 2021 a força de trabalho feminina era de 46,3 milhões, 1,1 milhão a menos do que no mesmo trimestre de 2019, quando somava 47,5 milhões. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua.

Para o Dieese, isso significa que as trabalhadoras que deixaram o mercado de trabalho durante a pandemia ainda não haviam retornado no ano passado. O número é maior pelo recorte de raça. A redução entre as negras na força de trabalho foi de 925 mil mulheres no período, enquanto as mulheres não negras corresponderam a 189 mil.

“Eu fiz algumas rodas de conversa com mulheres em comunidades, e quando a gente discutia o que mais afetou na pandemia era unanimidade a questão da renda. Aliado a isso, estava a questão da fome, que afeta fundamentalmente mulheres e crianças. Afeta toda a população, mas quando você vê, de quem é cobrada a responsabilidade de ter uma comida na panela? Se a panela estiver vazia, as crianças vão perguntar para a mãe”, afirma.

SUPORTE

Essa é uma realidade que a advogada Letícia Lefevre conheceu de perto. Ela é cofundadora da comunidade Crianças Especiais, que reúne 3,5 milhões de pessoas no Facebook. “A maioria é formada por mulheres – que é quem cuida. A maioria está em extrema vulnerabilidade social”, diz. Durante a pandemia, ela se dividiu no cuidado dos próprios filhos, no emprego como secretária executiva e na orientação às famílias do grupo. “Ali elas encontram acolhimento, informações, apoio.”

Para a técnica de enfermagem Anna Ferreira, o trabalho na linha de frente da covid-19 trouxe desafios adicionais. “Trabalho em um serviço de atenção domiciliar. Durante a pandemia mudou muito, não tinha mais visita de rotina. Muitas vezes a gente ia, mas já tinha que chamar o Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência]”, lembra. O medo da doença, a perda de colegas, os dias longe da família. “A gente tinha muito a preocupação de não levar o vírus para casa”, relata.

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