Policia

Motéis passarão a exigir identificação

Imagem, antes da ocupação da PM, mostra intensa movimentação de usuários de drogas nas portas dos motéis    (Sistema Olho Vivo)

 

IPATINGA – A partir de 1º de agosto, quem entrar em motéis do Vale do Aço vai ter que mostrar um documento de identificação. A medida foi determinada por uma lei municipal criada no ano passado, mas nunca foi cumprida pelos 24 estabelecimentos espalhados pela região.
A identidade será exigida assim que o usuário entrar no quarto do motel. A medida visa, entre outras coisas, evitar a entrada de adolescentes nos estabelecimentos e proporcionar maior segurança para os usuários.
Denise Camey, proprietária de um motel em Ipatinga e representante da categoria, explica que o prazo foi determinado para facilitar a adequação dos empresários e dos frequentadores à nova medida. “Nós sabemos que a nova alteração vai atingir o fluxo de clientes e haverá um abalo financeiro, mas depois acreditamos que os clientes irão acostumar. Essa é uma exigência que já foi adotada em Belo Horizonte. A cobrança da identidade é feita na portaria, e esperamos, com o tempo, conseguir isso também aqui na região”, afirma Denise.

TRÁFICO
Depois de várias denúncias e reclamações, a Polícia Militar passou a monitorar as regiões dos motéis. De acordo com a PM, traficantes de drogas utilizavam os locais como pontos de tráfico: o traficante entra no motel, permanece por pelo menos três dias e os usuários vão até os quartos para comprarem ou trocarem drogas.
Outra modalidade criminosa observada pela PM é a receptação de produtos furtados. De acordo com a Polícia Militar, depois da ocupação, já é possível observar em horários considerados de pico a pouca movimentação de usuários de drogas.
No entanto, o oficial pondera que ainda há muitos que se arriscam à prática delituosa no local. Na última segunda-feira (9), uma mulher de 33 anos foi presa nas proximidades de um motel na rua Serra do Mar, no bairro Jardim Panorama, acusada de associação ao tráfico de drogas. Denúncias anônimas deram conta de ela iria levar entorpecentes para um usuário que estaria nas dependências de um motel. Ao ser abordada, a suspeita tentou esconder uma porção de crack na boca, mas acabou cuspindo o material. Ela alegou que estava indo ao motel para fazer um programa, e confessou que guardava a droga para um homem que estava à sua espera no quarto. Com o acusado (a quem possivelmente seria entregue a droga), a PM apreendeu um celular e quantia de R$ 111,75. Os dois foram encaminhados à Delegacia de Polícia.
Conforme explica o capitão Luiz Magalhães, comandante da 82ª Cia de Polícia Militar, em um caso isolado, foi detectada a conivência dos próprios funcionários de um motel com a prática criminosa. “Foi constatado que os traficantes de drogas estavam sendo chamados pelo nome e ainda são concedidos benefícios como café, lanches e até mesmo banho. Essas situações estão sendo levadas ao Poder Judiciário para que essas pessoas possam responder solidariamente pelo tráfico de drogas”, completa o capitão.

EFICIÊNCIA
O capitão Magalhães acredita que o simples ato de exigir a carteira de identidade do usuário, já no quarto, não vai coibir práticas delituosas como a que foi citada na reportagem. Para ele, é preciso que haja um controle de acesso das pessoas aos motéis. “Não acredito que seja necessária a exigência de identidade a todas as pessoas que ali entram, mas que pelo menos haja uma barreira física ou um recepcionista para evitar pessoas entrem e saiam dos pátios e quartos. Exigir a identidade depois que a pessoa está lá dentro não é eficiente, porque continuará havendo a entrada nos pátios e o uso indiscriminado dos quartos”, considera o policial.


Em horário de pico (00h20), a imagem mostra as ruas dos motéis tranquilas, após a ocupação da PM

Caso vai parar no MP
O impasse entre a Polícia Militar e os proprietários de motéis sobre a colocação de um mecanismo de controle de acesso à entrada dos estabelecimentos foi parar no Ministério Público. Uma audiência com a instituição foi realizada no último dia 5, com todas as partes. De um lado, a PM acredita que um portão na entrada irá coibir a criminalidade nas regiões dos motéis; por outro lado, os donos temem que a medida possa prejudicar o fluxo de clientes. O promotor de Justiça, Walter Freitas, ouviu os anseios das partes e disse que pediu mais informações sobre o caso.


“Exigir a identidade depois que a
pessoa está lá dentro não é eficiente”

Capitão Magalhães

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