Policia

Militares são acusados de agressão contra rapaz

O rapaz exibe na cabeça as marcas da agressão feita durante a abordagem           (Foto: Gizelle Ferreira)

IPATINGA – A Polícia Militar abriu inquérito para apurar denúncia de agressão envolvendo policiais militares contra um jovem de 18 anos. Familiares do rapaz procuraram a reportagem do DIÁRIO POPULAR para mostrar as feridas supostamente provocadas por truculências por parte dos PMs durante uma abordagem policial. Os parentes pretendem entrar com ação na justiça e processar os policiais por abuso de autoridade. Dois militares estão envolvidos.

O caso ocorreu no início da madrugada do dia 27 de dezembro. A vítima, L.J.S., foi abordada pelos policiais por volta de 00h30 na rua Profetas, no bairro Canaã. O rapaz contou que estava em um carro com mais três colegas e, ao receber voz de prisão, correu, sendo alcançado na rua Judite. “Eles me jogaram no chão e me espancaram covardemente com socos na cabeça, na boca”, relata. Por causa dos ferimentos o rapaz teve complicações na audição do ouvido esquerdo e mal consegue escutar.

QUEDA
A tia do rapaz, Eva Charão, acompanhou de perto todo o drama vivido pelo sobrinho. Segundo relatou, no dia da abordagem ela foi chamada pelo jovem para buscar o veículo em que ele e os colegas estavam, pois o condutor estava sem habilitação. A mulher disse que, ao descer de moto para a rua Ester, avistou uma viatura e uma pessoa sendo espancada, mas que nunca poderia imaginar que a vítima era seu sobrinho. “Não passou pela minha cabeça que estavam espancando meu sobrinho, e fui direto para onde estava o carro deles. Chegando lá, passados uns 10 minutos, a viatura chegou. Um soldado abriu o porta-malas, onde L. se encontrava desacordado e sangrando muito pela boca. Perguntei o que havia acontecido e o PM me disse que meu sobrinho havia caído”, relata a mulher.

Eva contou ainda que diante do desespero de ver o sobrinho todo machucado, ela e a mãe do rapaz começaram a bater na viatura e gritar pedindo que o levassem ao Pronto Socorro, porque o rapaz sofre de epilepsia. “Se a gente não tivesse feito nada, eles não teriam levado meu sobrinho ao hospital. Mesmo assim, depois de ter saído de lá, ele foi levado à delegacia – onde passou a noite”, diz.

MANDADO

As supostas agressões teriam começado depois que os militares descobriram, durante a abordagem, que havia um mandado de busca e apreensão em aberto contra o rapaz de 18 anos. Ele deveria ter se apresentado ao juiz por conta de um ato infracional que havia cometido quando ainda era menor de idade. Porém, a tia do rapaz explica que no dia que o sobrinho deveria ter comparecido ao juiz, não havia nenhum magistrado de plantão na comarca de Ipatinga e que no outro dia seguiriam para outra cidade onde havia um disponível. “Tanto que no dia em que ele saiu da delegacia, fomos direto a Tarumirim, onde tinha um juiz lá que poderia atendê-lo. Mas nada disso justifica as agressões. Ele correu dos policiais é porque estava com medo”, justificou.

Segundo os familiares, o jovem já foi submetido a dois exames de tomografia, não se alimenta, mas seu estado de saúde está bem melhor. “Vamos lutar por nossos direitos. Isso não pode ficar assim”, enfatiza Eva.

 

“Rapaz era forte e agressivo”, constata relatório da Polícia
O Boletim de Ocorrência relatado pela Polícia Militar não contradiz em sua totalidade a versão contada pelos familiares. Conforme o documento, no dia 27 do mês passado, L.J.S., foi abordado por policiais militares em um veículo com mais três ocupantes. Os jovens foram parados porque, segundo a polícia, o veículo não estava em perfeitas condições de uso e o condutor era inabilitado.

Ainda consta no Boletim de Ocorrência que ao consultar os nomes dos envolvidos, a PM descobriu que havia um mandado de busca e apreensão em aberto contra L., que ao ser informado que seria algemado e conduzido, correu, passando por várias ruas do bairro Canaã, sendo capturado na rua Judite.

Força
Porém, o documento da PM informa que o policial acusado de agressão pelos familiares do jovem ficou distante do rapaz, enquanto apenas um outro militar correu atrás do fugitivo e sozinho conseguiu dominá-lo e prendê-lo. “Foi necessário o uso da força física e compleição ao solo, frente à força física de L., e sua agressividade, o que resultou em escoriações no braço direito e hematomas no rosto e lábio superior, sendo este levado ao Pronto Socorro Municipal, atendido e liberado”, diz trecho do Boletim de Ocorrência.

No entanto, o relatório na PM não esclarece como o jovem teve a boca cortada e a cabeça completamente machucada (conforme mostra a foto) e também não especificou quais as técnicas para dominar e algemar o rapaz, que havia desobedecido à ordem de prisão e fugido.

IPM
O tenente-coronel Wanderson Stenner Alves, que responde temporariamente pelo 14º BPM, explicou em nota que o coordenador do policiamento fez um relatório ao comando da PM que, de imediato, abriu um Inquérito Policial Militar (IPM) para esclarecer os fatos, verificando como se deu as lesões no rapaz que foi preso. Ainda conforme o tenente-coronel, o IPM é que subsidiará a decisão do comando que considera haver versões diferentes sobre o ocorrido.

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