Policia

Médico legista preso não assinou laudo de tortura em Natanael

IPATINGA – O laudo do Instituto Médico Legal (IML) que confirma que o soldador Natanael Alves de Abreu foi torturado não foi assinado pelo médico legista José Rafael Americano, preso na última sexta-feira (19), conforme afirmou o jornal O Tempo, de Belo Horizonte, em sua edição da última terça-feira (23).

Em reportagem, o jornal afirmou que uma fonte pertencente ao oficialato da Polícia Militar na região teria repassado a informação de que o laudo comprobatório da tortura havia sido forjado pelo legista, no entanto, conforme apurado pela reportagem do DIÁRIO POPULAR, a perícia em Natanael foi feita pela médica Luciene Fernandes Gonçalves.

Ainda segundo apurado e publicado pelo DIÁRIO POPULAR do dia 20 deste mês, tanto o médico legista, quanto um outro policial civil, foram presos por envolvimento no crime que ficou conhecido por Chacina do Revés do Belém, onde os corpos de quatro jovens foram encontrados em estado de decomposição.

O crime, que aconteceu em 2011, está sendo investigado por uma equipe de policiais de Belo Horizonte. Os dois policiais civis presos foram levados para custódia na capital mineira e devem permanecer no local por tempo indeterminado.



AUTO DO IML

O auto de corpo de delito, datado de 10 de fevereiro do ano passado, concluiu que houve prática de ato libidinoso com violência e indícios ainda de lesão corporal, como escoriações no quadril, joelho e braço.

Segundo o soldador, a tortura foi cometida por policiais militares de Coronel Fabriciano na madrugada do dia 4 de fevereiro de 2012. Natanael contou que foi abordado por militares e levado para a estrada dos Cocais, na zona rural do município. “Dentro da viatura, eu comecei a tomar socos, spray de pimenta nos olhos, apertavam minha garganta.

Chegando até o local, tiraram minha calça, introduziram o cassetete no meu ânus com pimenta junto, nas minhas outras partes íntimas, recebi chutes na costela, murros”, contou o soldador na época.

Entretanto, um dia depois, o rapaz negou a sessão de tortura e disse que a “mentira” foi contada a pedido da Polícia Civil. Em sua nova versão, Natanael disse que foi detido em uma blitz em Timóteo e levado para a Delegacia de Ipatinga, onde os policiais civis teriam pedido R$ 5 mil em troca de sua liberação. Ele negociou então o valor para R$ 3 mil, mas sem ter o dinheiro para fazer o pagamento foi aliciado por civis para que fizesse as acusações contra os policiais militares.

O soldador Natanael morreu no dia 28 de outubro de 2012 após ser alvejado por 12 disparos. O inquérito de sua execução está sob responsabilidade da Delegacia de Homicídios de Belo Horizonte e as investigações correm em segredo.

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