BRASÍLIA – A ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas prometeu reverter desmontes impostos por Jair Bolsonaro (PL) na pasta e ironizou a gestão anterior. A ambientalista retorna ao MMA depois de 15 anos. Ela comandou o ministério entre 2003 e 2005, também sob o presidente Lula (PT), de quem havia se distanciado. Ela voltou a se unir ao PT contra Bolsonaro no ano passado.
“Boiadas passaram no lugar onde deveriam passar apenas políticas de proteção ambiental. O estrago só não foi maior porque as organizações da sociedade, os servidores públicos, vários parlamentares, o Ministério Público e a alta corte do poder judiciário se somaram em defesa do meio ambiente”, disse a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva.
ESTRUTURA
As principais decisões da ministra anunciadas na posse são:
. Criar a Secretaria Extraordinária do Combate ao Desmatamento
. Criar a Autoridade Nacional de Mudança Climática, sob o MMA . Criar o Conselho de Segurança do Clima, controlado por Lula, com participação dos ministérios
. Redesenhar o comitê ministerial para implementar política nacional do clima
. Inaugurar o Departamento de Proteção e Defesa dos Direitos Animais
ESVAZIAMENTO
Marina destacou o “esvaziamento” de órgãos ambientais, como o Ibama e o ICMBIO, que, segundo ela, “foram totalmente fragilizados” e tiveram “servidores perseguidos, demitidos, maltratados ou desautorizados”.
PÁRIA AMBIENTAL
Entre as muitas críticas à gestão Bolsonaro, ela afirmou que o Brasil se tornou “um pária ambiental”. “A participação social na pauta ambiental foi destruída no governo anterior. A situação foi tão grave que houve o reconhecimento judicial do STF [Supremo Tribunal Federal] do Estado de Coisas Inconstitucionais na pauta ambiental, com uma série de comandos judiciais para reverter a situação. Por isso, faz-se urgente a retomada imediata de alguns dos principais conselhos de participação social”, disse Marina Silva.
AUTORIDADE CLIMÁTICA
Ela prometeu que até março deste ano será formada a Autoridade Nacional de Mudança Climática. Alinhada à pauta de desenvolvimento sustentável que Lula tem pregado desde a campanha, e encampado por seus ministros da área econômica, Marina afirmou que “o papel do MMA não é ser um entrave às justas expectativas de desenvolvimento econômico e social”.
A Secretaria Especial de Combate ao Desmatamento deverá concentrar os trabalhos relacionados ao tema, com os recursos do Fundo Amazônia sendo direcionados de forma gradativa.
EFEITO ESTUFA
A pasta quer propor também as novas metas de redução de gases de efeito estufa, além de valorizar a bioeconomia: o trabalho de populações tradicionais e de comunidades indígenas com os produtos da floresta.
Mudanças de estrutura que são consideradas importantes para colocar esses planos em prática são, por exemplo, a volta do Serviço Florestal Brasileiro e do Cadastro Ambiental Rural – que estavam na Agricultura.
A posse de Marina Silva teve recorde de público entre as demais transmissões de cargos até o momento, com algumas pessoas sentadas no chão para conseguir acompanhar o evento. Parte dos que foram ao Planalto também tiveram de acompanhar a fala por um telão na entrada, dada lotação do salão nobre. Estavam presentes o vice-presidente, Geraldo Alckmin, a primeira-dama, Rosângela da Silva, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, a ministra da Mulher.