IPATINGA – “O poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade retrata em seu poema que a passagem dos anos modifica a imagem de uma paisagem, de pessoas e de percepção de mundo”. Parafraseando o poeta itabirano, a atriz Luzia di Resende celebra sua trajetória 4.0 – 40 anos de teatro e do fazer teatral.
“Esse ano foi atípico e balançou as estruturas e eixos cristalizados de todos nós. E é em meio a essa pandemia que uma trajetória de vida artística se mostra madura”, diz Luzia, ressaltando que sua história começa e hoje se organiza na cidade de Ipatinga.
Ela conta que começou a fazer teatro aos 15 anos, no Grupo Quebra-cabeça que tinha sua base de trabalho no Colégio São Francisco Xavier, sob a direção de Eliane Santos. E é desse princípio que perpetua as amizades e parcerias com outros artistas como Ademar Coelho, José Lopes (hoje já nos deixou), Francismar Vasconcelos, foi coreografada por D. Zélia Olguin e conviveu com o elenco da Casa de Cultura. Durante o período que permaneceu na cidade participou de diversas peças, intervenções e festivais de teatro.
APRENDIZADO
O estudo a levou para Juiz de Fora e pode participar do Grupo Divulgação onde fez escola, aprendeu a arte de atuar e produzir arte. De lá ganhou o mundo! Foi para São Paulo, Curitiba, Salvador, fez teatro, televisão, dublagem, ministrou cursos e aprendeu com muita gente representativa do teatro nacional e internacional. Em 2015 foi contemplada com uma Residência artística no C.O.R.E., um programa internacional de compartilhamento artístico contemporâneo na Alemanha através do MINC e as provocativas trouxeram outros caminhos artísticos.
EM REDE
Hoje, novamente fixada em Ipatinga coordena e dirige o Grupo Perna de Palco que desenvolve vários projetos de formação artística, circulação de espetáculos, pesquisas e estudos. Apesar da pandemia a criatividade continuou aflorada e pode ingressar em diversos editais, conseguindo realizar vários trabalhos em vídeo (linguagem que o distanciamento nos oferece) e embora a presença do público seja insubstituível, a ampliação do alcance pela internet oferece outros contatos.
Projetos realizados em 2020, disponíveis na rede:
Espetáculo/Vídeo “ O Dia Que Eu Fiquei Invisível” – Prêmio Ocupação Hibridus
Performance “Enquanto eu ainda não Acordo…” – Prêmio Memorial Vale
Vídeo/poema “Lugar de Fala” – Prêmio Funarte
Cena Curta/vídeo “ A Mala Mágica” – Prêmio Cenas Curtas Casa Laboratório
Espetáculo/vídeo “Mais Fortes” – Prêmio ArteSalva
Vídeo/poema “Atravessa”
Performance/fotografia “ Vidas Perdidas”
Também produziu o vídeo “Dimensões Criativas” e gravou o espetáculo “Visitas Teatralizadas” para o Instituto Usiminas.
Participou do Vídeo “Etarismo” de Dani Dornelas, também premiado pelo Memorial Vale e está no elenco do processo criativo “Rasto” do Casa Laboratório. Outro projeto de pesquisa e experimentação cênica está sendo desenvolvido é o RIZOMA através dos recursos da Lei Aldir Blanc, edital José Lopes Sobrinho.
REINVENTANDO
E, aos 55 anos, 40 de carreira não se considera pronta. Investiga novos processos e se reinventa a cada novo fazer artístico. Já dizia Guimarães Rosa que “… o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam, verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra montão.”