(*) Fernando Benedito Jr.
A última vez que uma pesquisa se desmilinguiu miseravelmente diante das urnas foi aquela em que a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) liderava com ampla margem a eleição para o Senado em Minas Gerais, uma vitória que já era dada como certa, e ela acabou fragorosamente derrotada e com um resultado pífio. Alguns fatores contribuiram para isso: Dilma saiu desgastada de um processo golpista que trucidou sua imagem; as fake news debutaram com toda sua maldade e crueldade nas redes sociais naquele ano; a oposição das mídias empresariais e o antipetismo criado pela Lavajato e pelo bolsonarismo completaram o quadro de destruição da candidatura de Dilma. Diante de tal cenário, não há pesquisa que resista.
A capacidade e rapidez das fake news nas redes sociais de destruir uma verdade, uma narrativa, o resultado de uma pesquisa feita ontem, por si só, é uma nova realidade da pós-verdade que o marketing eleitoral e o TSE ainda precisam conhecer melhor, contra-atacar e superar.
As fake news sempre existiram no processo eleitoral. Mentiras, invencionices, intrigas, futricas, etc, sempre com o viés anti-ético e com o objetivo de vilipendiar o adversário, nem que para isso tivesse que entrar em seus segredos mais íntimos, expor todos os esqueletos escondidos nos armários, os erros, todas as amantes. Tais artificios desde sempre foram utilizados como “recursos estratégicos” para se atingir o fim – a vitória eleitoral. Sempre se apelou para discursos em defesa da família, da moral e dos bons costumes, um terreno onde a hipocrisia reina e tais apelos florescem com facilidade.
Deve ser por estas e outras que Lula observa silenciosamente os resultados das pesquisas que o apontam com folgada margem de intenção de votos sobre os demais candidatos. Uma vez no teto, sem ter mais onde subir, só resta descer. Nesta condição, de boa visibilidade, torna-se alvo fixo para os ataques adversários. Todos miram no primeiro colocado e querem destruí-lo. Tática que parece não estar dando muito certo contra Lula. Bolsonaro tentou e deu com os burros n’água; Ciro tentou e parece que está desistindo; Moro, que, em tese, teria mil trunfos contra o petista, nem tentou direito – também, não sabe.
Em todas as pesquisas, considerando suas séries histórias, Lula vem subindo de forma consistente e inabalável. Em algumas tem menos intenções de voto, em outras, mais. Mas em todas, vence.
Solene, o ex-presidente observa o movimento, enquanto mantém sua agenda no exterior, onde não tem votos, mas tem respeito. E espera o momento de começar seu giro pelo País.
Alguns apostam que aí, sob o ataque cerrado dos adversários, começará a entrar em queda livre. É a tese dos negacionistas, óbvio. Muitos outros pensam, que é neste terreno que Lula mais se esbalda e que será nele, com sua retórica popular, que vencerá em primeiro turno.
Preso, levou Haddad ao 2º turno e quase o elegeu. Solto, é uma incógnita. Certo é que a maioria do povo não suporta mais Bolsonaro.
(*) Fernando Benedito Jr. é jornalista.