Para ex-presidente, maior esforço deve ser para debelar a fome, acabar com o desemprego e gerar renda
SÃO PAULO – Conclamando o povo a resistir ao fascismo de Bolsonaro, o ex-presidente Lula discursou em São Paulo, em ato do 1º de maio promovido pelas centrais sindicais, com a presença de diversas lideranças do campo progressista. Ele lembrou que é tempo de lutar e recuperar os direitos da classe trabalhadora, duramente atacada por um governo antipovo. E que é preciso vencer as eleições de outubro para uma completa reconstrução do país.
“Se preparem, porque alguém melhor do que esse presidente vai ganhar as eleições”, avisou Lula, entusiasmado. “E vocês serão convidados para sentar em uma mesa de negociação e a gente restabelecer as condições de trabalho e o respeito ao direito dos trabalhadores”, prometeu o petista. “Quem sabe o que precisa ser feito não é nenhum capitão, é o povo trabalhador, o estudante, as mulheres desse país“.
PAÍS MELHOR
“Todos vocês, mesmo os jovens, devem ter um parente que já viveu melhor quando eu governava esse país”, disse. “No tempo em que eu governava, o salário mínimo tinha aumento real todo ano. Além de a gente recuperar a inflação, dava o crescimento do PIB do ano anterior. Isso fez com que o salário mínimo subisse 77%”, explicou Lula. “Diziam que não era possível aumentar o salário mínimo porque gerava inflação. Mas nós aumentamos e a inflação ficou dentro da média estabelecida por nós, 4,5%”.
“Acontece que foram poucos os governos, que depois de Getúlio Vargas, tiveram coragem de discutir o aumento do poder aquisitivo do povo brasileiro”, destacou.
INFLAÇÃO CORROSIVA
Lula criticou duramente o governo golpista de Bolsonaro, unicamente comprometido com o sistema financeiro e não com a economia real do povo. “A inflação do mês foi a maior em 27 anos”, espantou-se Lula. “Significa que quando a inflação cresce, o salário diminui, o carrinho de compra tem menos compras e na mesa tem menos coisas na hora do almoço e do jantar para a família de vocês comerem”, discursou.
“Por isso que temos de lutar para reduzir a inflação e transformar aquilo que é inflação em aumento de salário para que o povo possa comer e viver melhor”, afirmou. “Lembrem que estamos com 19 milhões de pessoas passando fome e 116 milhões de pessoas com algum grau de insegurança alimentar. Falo com vocês para dizer que tenho orgulho de, nos governos do PT, termos criado 22 milhões de empregos com carteira profissional assinada”.
ACORDOS SALARIAIS E UBERIZADOS
“As centrais sindicais sabem. Durante todo o período do meu governo, 90% de todos os acordos salariais feitos pelas categorias organizadas tiveram aumento real de salário. Hoje, apenas 7% têm aumento real”, lamentou o petista.
“Temos de sentar na mesa e regulamentar a vida das pessoas que trabalham com aplicativo, temos de dizer que esses companheiros não podem ser tratados como se fossem escravos”, sugeriu Lula. “Eles têm de ter direito a um programa de saúde, de assistência social, médica, seguro quando baterem no seu carro, moto ou bicicleta. Essas pessoas têm de ter descanso semanal remunerado porque a escravidão acabou em 13 de maio de 1888”.
Lula insistiu na retomada de um ambiente de diálogo entre governo e trabalhadores. “Esse atual presidente, que chamo de fascista e genocida, nunca reuniu os dirigentes sindicais, governadores, prefeitos, movimentos sociais”, atacou.
“É disso que estamos precisando, emprego bem remunerado, salário decente, casa para o povo pobre. Temos de recuperar nossa Petrobras, não podemos deixar privatizar a Eletrobras porque, se for privatizada, nunca mais vai ter um programa como o Luz para Todos para levar energia ao povo pobre”.
PAUTA REAL
Lula lembrou que será preciso um amplo esforço para debater os temas de relevância nacional e encontrar consensos em torno das políticas que precisarão ser colocadas em prática com urgência. O objetivo central é debelar a fome, acabar com o desemprego e gerar renda no país. “Vamos pegar um país destruído, mas tenho certeza de que, da mesma forma que vocês ajudaram a gente a construir um Brasil – eu fiz 74 conferências para definir políticas públicas -, vamos voltar com as conferências”, ressaltou. “Vamos dizer o que tem de ser feito nesse país”.