Filme dirigido por Renato Barbieri é baseado na história real de Pureza Lopes Loyola, que se tornou um símbolo do combate ao trabalho escravo contemporâneo
IPATINGA – Em comemoração ao dia do Cinema Nacional o Los Películas Cineclube apresenta “Pureza”, longa dirigido por Renato Barbieri, que também assina o roteiro, junto com Marcus Ligocki Júnior, que é baseado na história real de Pureza Lopes Loyola. A exibição e debate do filme acontece no dia 19 de junho, a partir das 19h30 no teatro Zélia Olguin, localizado no Bairro Cariru.
Pureza (Dira Paes), é uma mãe solo que mora com seu filho, Abel (Matheus Abreu), em uma região pobre do Maranhão. Ela e os filhos trabalhavam em uma olaria. Sobreviviam com a venda de tijolos. Para dar uma vida melhor para sua mãe, o jovem busca emprego em um conhecido garimpo. Após meses sem notícias do filho, Pureza resolve sair à procura do rapaz. Durante a jornada, ela encontra uma fazenda que emprega um sistema de aliciamento e cárcere de trabalhadores rurais, a famosa escravidão moderna.
BRUTALIDADE
Na esperança de encontrar o filho ela passa a trabalhar neste lugar, testemunhando o tratamento brutal sofrido pelos empregados, além do desmatamento ilegal de florestas. A luta dela, iniciada em 1993, levou à criação de grupo que já resgatou milhares de trabalhadores em condições análogas à escravidão. Dona Pureza foi reconhecida internacionalmente como uma heroína abolicionista e, em 1997, recebeu o Prêmio Antiescravidão, da mais antiga organização abolicionista em atividade a ONG Britânica Anti-Slavery Internacional.
Na entrevista de lançamento do filme, realizada na Procuradoria Regional do Trabalho em São Luiz, Dona Pureza falou sobre todas as dificuldades e os grandes absurdos que os trabalhadores eram submetidos, em um regime de trabalho análogo à escravidão. Quando encontrou seu filho, ele estava muito doente. Emocionada ela disse: “… a última coisa que eu fiz, foi pedir pra Jesus que queria meu filho vivo, custasse o quanto custasse. Custasse até a minha vida, mas queria meu filho vivo. E eu fazia esse clamor a Deus, colocava meu rosto no chão e clamava a Jesus de Nazaré e Ele providenciou”.
O FILME
O filme se passa entre 1993 a 1995, período da busca de Dona Pureza pelo filho. O diretor, Renato Barbiere destaca que trabalhou por 17 anos na produção do longa. De acordo com ele a pesquisa foi intensa. Entrevistou trabalhadores escravizados, abolicionistas e conversou muito com Dona Pureza.
Barbieri destaca que “infelizmente é uma história atualíssima, ela poderia ter acontecido hoje, em 2022. Infelizmente isso acontece. Tem muitas Purezas, mães absolutamente angustiadas pelo sumiço de seus filhos ou então essas mães recebem os restos dos seus filhos, como se fossem veteranos de guerra. O nosso país é rico, mas vivemos em um estado que eu diria que é colonial, porque ao mesmo tempo que a gente se separou de Portugal, nós nos tornamos colônia de nós mesmos, da nossa própria elite oligárquica escravagista. Então eu acho que está na hora da gente escrever um novo livro, um livro de uma nação livre”, considera o diretor.
DIA NACIONAL DO CINEMA
A data é comemorada em homenagem ao dia em que foram registradas as primeiras imagens em movimento em território brasileiro, no ano de 1898, pelo ítalo-brasileiro Afonso Segreto, o primeiro cinegrafista e diretor do país.
A exibição e debate de Pureza é realizada dentro da programação do projeto aprovado pelo Los Películas Cineclube no Edital Arte Salva – Exibe Minas e é realizado por Márcio Castro e Governo de Minas Gerais e executado com recursos do Fundo Estadual de Cultura.
A curadoria do Los Películas Cineclube é assinada por Márcio Castro, Andres Gonzales, Enyaly Poletti, David Romeros, Camila Mendonça, Beto Oliveira, Éderson Caldas e Marilda Lyra.
SERVIÇO
Los Películas Cineclube -Dia do Cinema Nacional
19 de Junho 2023, 19h30
Teatro Zélia Olguin
Pureza
Drama, 1h41min
Direção: Renato Barbieri
Roteiro: Renato Barbieri, Marcus Ligocki Júnior
Elenco: Dira Paes, Flávio Bauraqui, Matheus Abreu