Policia

Jovem é presa após fazer aborto em posto de saúde

Segundo PC, mulher vendia abortivos no camelô; sete comprimidos foram apreendidos     (Fotos: André Almeida)

BELO ORIENTE
– Três pessoas foram presas na noite da última terça-feira (25) suspeitas de envolvimento em um crime de aborto ocorrido um dia antes na cidade de Belo Oriente. Entre os detidos, a mãe do bebê, uma mulher suspeita de vender os abortivos e um homem que teria intermediado a compra. A polícia apreendeu sete comprimidos abortivos de venda proibida no Brasil. Os detidos e os remédios apreendidos foram levados para a delegacia de Ipatinga.

Segundo informações da Polícia Civil, o aborto teria ocorrido dentro de uma unidade de saúde de Belo Oriente. O feto, um menino de cinco meses, foi encontrado dentro de uma lixeira por uma faxineira do posto de saúde, que estranhou o peso do lixo e decidiu olhar. “Ao abrir a sacola, ela viu um monte de papel e o bebê no fundo do lixo”, informou o delegado Thiago Alves Henriques.

O ABORTO
O coordenador da unidade de saúde de Belo Oriente, Lincoln Felipe dos Santos, disse que o feto teria sido abortado pela mãe na segunda-feira (24) e que, em seguida, a mulher, de 19 anos, procurou atendimento médico, pois estava se sentindo mal.

“Pela ordem cronológica dos fatos, a mulher ingeriu os remédios, e ao sentir as dores, procurou atendimento médico. Ao chegar à unidade ela foi direto para o banheiro, teve o bebê e, em seguida, jogou o feto dentro da lixeira. Só descobrimos a situação um dia após tudo ter acontecido, quando a faxineira passou recolhendo o lixo do banheiro”, explicou o coordenador.
Lincoln disse ainda que quando a faxineira informou do ocorrido, ele imaginou que o feto deveria ser da mulher que procurou atendimento no dia anterior, apresentando sangramentos e sintomas de gravidez.

“Procurei a pessoa que atendeu a mãe, peguei as informações, e em seguida acionei a polícia. Segundo a médica, ela perguntou à mulher se ela estava grávida, mas ela negou a informação. Em seguida, foi receitado um remédio e a paciente foi encaminhada para UPA de Ipatinga”, disse.

CAMELÔ
O feto foi recolhido pela perícia e levado para o Instituto Médico Legal (IML) de Ipatinga. O delegado Thiago Alves teve acesso ao prontuário da mãe e foi até a casa da jovem de 19 anos para averiguar os fatos.
Segundo ele, a princípio a mãe negou, mas minutos depois confessou ter feito o aborto e ainda ajudou a polícia a chegar até os outros dois envolvidos, que seriam os vendedores dos remédios.

“Ela nos disse que conversou com um vendedor ambulante em Ipatinga e que ele conseguiria esse remédio para que ela fizesse o aborto. A mãe nos levou até esse homem, que seria o intermediário, e ele nos encaminhou até uma mulher, que tem uma barraca de ‘bugigangas’ no camelô de Ipatinga. Fizemos a prisão em flagrante dessa mulher e apreendemos os remédios”, disse.

A Polícia Civil desconfia que a venda dos remédios no camelódromo é antiga. “Ninguém que tenha começado neste ramo há pouco tempo venderia remédios em uma barraca, em um local movimentado, e ainda teria um homem que faz a intermediação de venda para clientes. Isso é coisa antiga, que vamos investigar”, disse.

LUCRATIVIDADE

A vendedora de 45 anos presa em flagrante afirmou que comprou uma cartela com 10 comprimidos por R$ 300 e que revendia quatro comprimidos a R$ 500 para seu intermediário de 60 anos, que também foi preso. O remédio, de venda proibida no Brasil, é indicado para o tratamento de úlceras e utilizado, no mercado ilegal, para provocar aborto.

A polícia informou que nenhum dos envolvidos tem passagens pela polícia, e que o caso será investigado pela Delegacia de Investigações de Homicídios (DIH). A mulher que praticou o aborto e o homem prestaram esclarecimentos e foram liberados ainda na terça. Apenas a vendedora permaneceu detida.

A pena, no caso da vendedora do medicamento e do homem que intermediou a compra, varia de dez a 15 anos de prisão, por ser um crime hediondo. Já para a mãe, que provocou o aborto, a pena varia de um a três anos de detenção.


A mãe do bebê foi detida, mas não demorou a ser liberada

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