Policia

Irmãos e amigos de cabo Amarildo são indiciados por assassinatos

Cabo Amarildo integrava um grupo de extermínio com ramificações na Polícia Civil e Militar
(Crédito: Arquivo Pessoal)


IPATINGA
– Além dos cinco casos já concluídos pela Polícia Civil apresentados ontem (23), os membros do DHPP relataram, durante coletiva de imprensa, o desfecho de mais dois casos investigados pela polícia. Nestes dois casos, irmãos do cabo da Polícia Militar, Amarildo Pereira de Moura, morto em 8 de fevereiro deste ano, aparecem como envolvidos diretos.

O mais recente deles foi a morte de Sebastião Ludovino de Siqueira, conhecido como Tião, de 66 anos, assassinado a tiros no dia 22 de fevereiro de 2013. Segundo explicações do delegado Emerson Morais, a vítima era pai de Daniel Wattson, denunciado pelo Ministério Público pelo assassinato do cabo da PM.

IRMÃOS
Depois de prender dois indivíduos pela morte de Amarildo, a polícia procurava pelo terceiro suspeito, Daniel, que estava foragido da justiça. Em suas investigações, a PC concluiu que Geraldino Pereira de Moura, irmão de Amarildo, e Albertino Pereira da Costa Filho, amigo dele, teriam executados Sebastião, por motivo torpe.

“O irmão do cabo e o amigo teriam matado o senhor Sebastião, pai do Daniel, para forçar o suspeito a comparecer ao velório do pai e assim ser preso pela Justiça, pois já havia mandado de prisão preventiva em aberto contra ele”, contou o delegado Emerson Morais.

Daniel foi preso dois dias depois pela PM. O inquérito desta investigação foi concluído com o indiciamento do irmão do cabo e também do amigo Albertino. Ontem, a PC informou que Albertino Pereira se encontra preso, Geraldino Pereira de Moura, porém, está foragido da Justiça.

COIOTE

Outro irmão do cabo morto, Joaquim Pereira de Moura, também foi apontado pela investigações do DHPP como mandante de um crime ocorrido em agosto de 2007, no bairro Jardim Panorama, em Ipatinga.

O comerciante Eduardo Luiz da Costa foi assassinado em uma via pública por um indivíduo sobre uma motocicleta verde que passou e efetuou os disparos. As investigações da Polícia Civil chegaram à informação de que a vítima devia uma quantia em dinheiro para Joaquim Pereira de Moura, que na época atuava como coiote, facilitando a entrada ilegal de pessoas nos Estados Unidos. Além disso, testemunhas relataram à PC que Eduardo mantinha um relacionamento amoroso com a ex-noiva de Amarildo Pereira, irmão de Joaquim, deixando o militar enciumado.

ELIMINAÇÃO SUMÁRIA
Assim, a PC concluiu que os irmãos uniram forças para dar fim à vida de Eduardo e chegou ao nome do soldado da PM Victor Emanuel Miranda de Andrade como o executor do crime, pois ficou comprovado que o militar seria amigo do cabo Amarildo.

“Pela forma que Eduardo foi morto, não restam dúvidas que a execução foi planejada pelo trio (Amarildo, Joaquim e Victor). Os irmãos tinham interesse de ceifar a vida da vítima e Victor foi indiciado em outros crimes pelos mesmos modus operandi, além de ser amigo dos dois. Não restam dúvidas”, afirmou Emerson Morais.

O inquérito da morte de Eduardo Costa foi concluído com o indiciamento de Joaquim Pereira de Moura e Victor Emmanuel Miranda de Andrade pela prática de homicídio qualificado, sendo requeridas as prisões preventivas dos dois. Os pedidos de prisão ainda estão sendo analisados pela Justiça. Quanto ao policial militar Amarildo Pereira de Moura, foi requerido o arquivamento do caso, pelo fato de estar morto.

Victor também aparece como indiciado pela PC e acusado pelo Ministério Público pela morte de Cleidson Mendes do Nascimento, o “Cabeça”, de 26 anos. O rapaz era testemunha de outro assassinato ocorrido na cidade em 2007, cujo principal suspeito era Victor Emmanuel. Ele foi assassinado a tiros por um homem em uma motocicleta no bairro Canaãzinho, em setembro de 2011. Pelo crime, Victor Emmanuel está preso desde 25 de abril.

OUTROS INQUÉRITOS
Outros casos também foram esclarecidos durante a coletiva pela Polícia Civil de Belo Horizonte. O mais antigo dos inquéritos é o duplo homicídio ocorrido em 8 de fevereiro de 2007, na avenida Macapá, no bairro Veneza. O mecânico Diunismar Vital Ferreira, mais conhecido como “Juninho”, de 41 anos, e o instalador de máquinas José Maria, de 58 anos, foram assassinados por dois homens, que fugiram em uma motocicleta. As investigações apontaram para uma motivação passional, uma vez que a companheira de Diunismar tinha um relacionando com o policial militar Charles Clemencius Diniz Teixeira.

O capitão Charles Clemencius Diniz Teixeira foi indiciado como autor do crime e preso na sexta-feira (19), em Belo Horizonte. A ex-companheira de Diunismar, atual esposa do militar, também foi indiciada, mas responde em liberdade. As investigações, porém, não levaram a nenhum executor do crime.

MORADOR DE RUA

Também foram concluídas as investigações sobre a morte de um morador de rua ocorrida em 2009. O corpo de Célio Nunes foi encontrado em avançado estado de decomposição no dia 4 de abril do mesmo ano, em uma plantação de eucaliptos em Santana do Paraíso. O principal suspeito deste homicídio também é policial militar. O sargento Michel Luiz da Silva foi preso em junho deste ano pelo DIHPP, em Caratinga.

CHACINA DO REVÉS

Também foi desvendado pela força tarefa o crime da Chacina de Revés do Belém. Em 30 de outubro de 2011, os corpos de quatro adolescentes foram encontrados nus e com perfurações de arma de fogo no distrito da Caratinga.
John Enison da Silva, de 15 anos, Nilson Nascimento Campos, de 17 anos, Felipe Andrade, de 15 anos, e Eduardo Dias Gomes, de 16 anos, eram moradores do bairro Caravelas, em Ipatinga, e antes de desaparecerem foram vistos na delegacia da cidade.

Por este crime, foram presos e posteriormente indiciados quatro investigadores da PC: Leonardo Alves Correa, José Cassiano Ferreira Guarda, Jimmy Casseano Andrade e Ronaldo de Oliveira Andrade, que se encontram na casa de custódia da instituição, no bairro Horto, em Belo Horizonte.

TESTEMUNHA

Ao ser preso pela polícia, o suspeito de ter matado Rodrigo Neto e Walgney Carvalho, Alessandro Augusto possuía em sua carteira um nome e telefone da testemunha chave para elucidação do crime contra os menores. O suspeito não soube explicar o motivo, mas a testemunha, uma jovem de Ipatinga, foi incluída em um programa de proteção de testemunhas e não se encontra na cidade.

IPABINHA
No início do mês de julho, três investigadores foram indicados por um duplo homicídio e ocultação de cadáver ocorrido no bairro Ipabinha, em Santana do Paraíso, em 2010. Os corpos do lavador de carros Marcos Vinícius Lopes de Oliveira, de 18 anos, e Glauco Antônio Lourenço, de 22 anos, foram encontrados em julho de 2010, mas apenas agora o caso foi desvendado.

Os policiais civis Ronaldo de Oliveira Andrade, de 40 anos, Fabrício de Oliveira Quenupe, de 30 anos, e o vereador Elton Pereira Costa, de 46 anos, foram denunciados pelo Ministério Público como os principais responsáveis pelas mortes. Eles foram detidos e tiveram suas prisões temporárias convertidas em preventiva pela Justiça.


O amigo e o irmão de Amarildo, Albertino e Geraldino, respectivamente, estão envolvidos no assassinato
de Sebastião Ludovino, pai de Daniel Watson, denunciado como matador de Amarildo
  (Crédito: PC)

 


O soldado Victor Emmanuel, em um dos júris em que foi absolvido, é apontado por envolvimento em vários
crimes e era um dos parceiros de Amarildo

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