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Ipatinga sofre com inundação, queda de ponte e muita lama

Logo cedo, máquinas e homens estavam nas ruas retirando a lama      (Foto: André Almeida)

IPATINGA – O temporal que caiu na noite anteontem e prosseguiu durante a manhã de ontem em Ipatinga fez estragos e sujeira em toda a cidade. Diversas ruas foram tomadas pela lama, uma ponte caiu no distrito de Barra Alegre e cinco casas do bairro Pedra Branca, na zona rural de Ipatinga, foram inundadas devido ao transbordamento do rio que passa em frente à rua Joaquim Pedro da Silva, causado pela chuva da madrugada desta quinta-feira (31). Outras ocorrências foram registradas em diversos pontos da cidade. Desde cedo homens e máquinas da Prefeitura, bem como agentes da Defesa Civil e funcionários da Secretaria de Obras monitoravam de perto a situação.

TRANSBORDAMENTO
Os estragos começaram por volta das cinco da manhã, quando o Ribeirão Pedra Branca deixou de suportar o grande volume de água e transbordou, invadindo a via, bem como as residências. A inundação atingiu também casas da rua José Amaro Caetano e a enxurrada ultrapassou um metro de altura. Móveis, eletrodomésticos e diversos outros objetos foram perdidos pelos moradores.

Marta Rodrigues de Moura mora no local há 13 anos e já havia presenciado algumas enchentes no bairro, mas nenhuma igual a de ontem. “Essa foi a pior de todas”, afirmou. Ela contou que havia perdido documentos pessoais e roupas de cama na invasão da água e trabalhava para limpar os móveis que se salvaram.

Outra prejudicada foi Márcia Araújo, irmã e vizinha de Marta, que teve grandes prejuízos com a tempestade. Entre os exemplos dados por ela, estavam o berço de sua filha de um ano, uma cama recém comprada e uma geladeira, que durante a ocorrência chegou a boiar pela sua casa. Ela disse que saía para trabalhar quando percebeu que o rio havia transbordado. Logo em seguida, viu que a água voltava pelo encanamento de sua casa e chamou as filhas, que ainda dormiam. Elas tentaram retirar os pertences mais importantes e evitar que o prejuízo fosse ainda maior.

A mãe de Marta e Márcia, Sebastiana Araújo, que também é moradora do local e teve prejuízos com a chuva, disse, emocionada, que qualquer tipo de ajuda nesse momento é de extrema importância.


Márcia Araújo teve a casa invadida pelas águas em Pedra Branca        (Foto: André Almeida)

ÁGUA POTÁVEL
Os canos que levam água para as casas atingidas pela enchente foram destruídos pela força da enxurrada e os moradores ficaram sem água potável. Mesmo os que não tiveram suas residências invadidas sofreram com a falta d’água. Até a tarde de ontem a situação não havia sido resolvida.

A estrada que dá acesso ao bairro e às ruas de acesso às partes altas do Pedra Branca ficaram totalmente cobertas por lama, que deslizou de barrancos ao redor. Motos, carros e até mesmo ônibus precisaram de muita cautela para atravessar via.

OCORRÊNCIAS
O Pedra Branca não foi o único local onde a chuva causou problemas. A estrada do Tribuna ficou completamente interditada pela lama e foram registrados pontos de inundação em áreas dos bairros Bethânia, Taúbas e Vila Celeste.

Apesar de não ter registrado ocorrências devido à chuva, no bairro Limoeiro era possível ter uma amostra da força da chuva que caiu sobre a cidade. O ribeirão Ipanema, que circula a rua Chico Mendes, ficou cheio, entretanto, não atingiu nenhuma casa.

ATENDIMENTO
Desde as primeiras horas de quinta-feira funcionários das Secretarias de Obras e de Serviços Urbanos e Meio Ambiente (Sesuma) trabalhavam para tentar conter os problemas. Somente na parte da manhã, a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) havia registrado mais de 30 ocorrências de desabamentos de encostas e alagamentos de vias no município, especialmente próximos à zona rural.

Segundo o coordenador da Comdec, Joel Lopes da Silva, equipes das secretarias envolvidas estão percorrendo as áreas para levantamento das situações mais graves, a fim de solucioná-las. “Estamos monitorando toda a cidade para identificação e solução dos problemas em ordem de prioridade. Até o momento, apesar de danos materiais, não tivemos casos de vítimas”, pontuou o coordenador.

A previsão da meteorologia é de que as chuvas atinjam 43mm/hora nos próximos dias. “Por isso é importante que a população fique atenta. Ao perceber qualquer rachadura nas casas, a orientação é sempre a mesma: acionar a Defesa Civil pelo telefone 199”, atentou Joel.


No distrito de Barra Alegre, a Ponte Menor cedeu a cabeceira e foi interditada      (Crédito: ACS/PMI)

Ponte que dá acesso ao Barra Alegre é interditada
Ipatinga
– A ponte menor no distrito de Barra Alegre foi interditada na manhã de ontem (31) pela Prefeitura Municipal após parte da estrutura ceder e formar uma cratera no local. O acesso ao distrito está sendo feito por meio de outra ponte sobre o ribeirão Ipanema.

A ocorrência foi ocasionada pelo aumento do nível do ribeirão Pedra Branca durante a madrugada de quinta-feira, quando uma forte chuva atingiu a cidade. Por volta das quatro da manhã o rio transbordou, e a força da água fez com que um buraco se abrisse na estrutura conhecida como Ponte Menor.
Placas e faixas de sinalização foram colocadas na entrada do distrito para alertar os condutores sobre o acontecido, mas mesmo com os avisos da interdição, motociclistas desrespeitavam a proibição e transitavam pelo local.

Levantamentos

Além da sinalização, equipes da Prefeitura de Ipatinga foram até o local pela manhã para realizar averiguações da situação no local. Uma limpeza dos principais acessos, tomados por terra deslizada, foi realizada por funcionários da Secretaria de Obras para que houvesse a liberação das vias para o trânsito.
O acesso ao Barra Alegre agora está sendo feito por meio de outra ponte que funcionava como saída do distrito e que o liga ao bairro Pedra Branca. O local agora funciona em mão dupla e já traz preocupações aos moradores.

De acordo com Algeu do Nascimento Andrade, membro da Associação de Moradores do Barra Alegre, a estrutura já apresenta falhas e há o medo entre a população de que ela tenha o mesmo destino da Ponte Menor. Caso isso aconteça, os moradores do distrito irão ficar totalmente isolados, já que com a interdição há apenas um acesso à comunidade.

Sem risco
A Prefeitura de Ipatinga, no entanto, afirma que não há motivo para pânico, uma vez que os técnicos da Secretaria de Obras estiveram no local realizando análises que atestam a inexistência de risco de queda.
Ainda de acordo com a Prefeitura, a realização de reparos na fundação da ponte só será possível após redução da intensidade das chuvas. Caso contrário, ela terá que ser reconstruída, conforme já estava previsto no planejamento da Prefeitura em 2003 e chegou a ser inserido na primeira etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “Pelo fato de as obras não terem sido licitadas pelos dois últimos governos, a Prefeitura já perdeu R$ 20 milhões em recursos como os do PACs para realização de melhorias na infraestrutura do Barra Alegre, Nova Esperança e Serra Dourada”, aponta o secretário de Obras, José Maria. A reforma na Ponte Menor era uma das obras previstas e que deixaram de ser executadas.

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