IPATINGA – A falta de leitos de UTI para doentes de Covid-19 pode aumentar ainda mais a taxa de letalidade em Ipatinga, que já causou 27 óbitos até o último dia 20. O alerta foi feito pelo médico infectologista Márcio Castro, chamando a atenção para a necessidade de criação de novos leitos de UTI com respiradores o mais rápido possível. A Prefeitura Municipal informou que comprou 10 novos respiradores e que a previsão é de que sejam entregues ao município esta semana.
CRESCIMENTO
“Observamos que o número de casos confirmados de Covid passaram a crescer rapidamente em meados de maio. No período de mais ou menos um mês subimos, em torno, de 30 para 1.100 casos. Ainda em maio, observamos que os leitos de UTI disponíveis tiveram ocupação de 100%. Há cerca de 2 semanas os leitos estão ficando com taxa de ocupação maior que 100%, e com esse crescimento de novos casos é esperado que haja uma demanda cada vez maior por leitos de UTI, que não estão disponíveis. Há poucos dias, mais da metade dos pacientes internados por Covid estavam em leitos de UTI, então, a grande parte que precisa de internação por Covid precisa de UTI. Por isso, não adianta ter leitos de enfermaria sem a retaguarda da UTI, já que quase metade das internações precisam de UTI”, pontifica.
VIDA E MORTE
Castro diz que é sabido que não há criação de leitos em meio ao crescimento das confirmações de Covid. “Provavelmente, há risco de desassistência dos pacientes de Covid. Os casos mais críticos deverão estar desassistidos. Isso pode estar justificando o aumento da curva de letalidade porque, até poucos dias, havia leitos desocupados e a taxa de morte era baixa. O crescimento do número de óbitos coincide com a lotação das UTIs”, destaca.
VIZINHOS
Márcio Castro sugere ainda que o Ministério Público acione o município vizinho de Coronel Fabriciano para que compartilhe seus leitos de UTI disponíveis com a cidade de Ipatinga. “O município vizinho que faz parte da mesma macrorregião noticiou que há leitos de UTI. Caberia talvez ao MP acionar a justiça para colocar os leitos de Coronel Fabriciano disponíveis para a região. Sabemos que Ipatinga contempla pacientes de outros municípios, dado que Ipatinga é o pólo”, defende.
INDAGAÇÕES
O infectologista levanta ainda uma série de questionamentos sobre as ações de combate ao avanço do coronavírus na região, bem como de infraestrutura para o tratamento da Covid-19. “Temos que nos perguntar onde está o estado que não criou leitos de UTI? Cadê o município que nesses 3 meses de epidemia só criou 3 novos leitos? Recentemente, o município falou que não estava conseguindo comprar respirador, mas deveria ter comprado há três meses atrás e não agora. Disse essa semana que fez uma licitação e comprou 10 respiradores, mas quando irão chegar? Será que os pacientes que estão adoecendo vão poder esperar a chegada dos respiradores? Então precisamos cobrar mais urgência. Primeiro, o município precisa tratar com maior clareza quais são leitos disponíveis. Segundo, que o município crie leitos de UTI e o estado dê sua contribuição e o comprometimento dos demais município da macrorregião do Vale do Aço”, pontuou Márcio Castro.