Programa de Aquisição de Alimentos destina R$ 1,5 milhão para fortalecer atividade com assistência técnica e acesso garantido ao mercado para comercializar seus produtos
BH – Pela primeira vez, agricultores familiares indígenas de 35 aldeias de São João das Missões, no Norte de Minas, e de outros nove municípios de diferentes regiões do estado vão receber R$ 1,5 milhão via Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
A disponibilização do recurso para atendimento exclusivo a este público é inédita e, neste contexto, a atuação do Governo de Minas se mostra fundamental para garantir, em nível estadual, por meio do Sistema Agricultura, a devida assistência técnica e suporte para fortalecimento da produção e melhoria da produtividade.
De acordo com o secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Thales Fernandes, a novidade é muito bem-vinda, sobretudo porque os agricultores indígenas têm dificuldade de acessar grandes mercados e costumam encontrar resistência na hora de comercializar seus produtos.
“O PAA é uma iniciativa importante e valiosa que pode transformar a realidade dessas pessoas”, reforça Thales Fernandes.
Exatamente por isso, a inserção no PAA tem animado o indígena Lucas Ferreira da Silva, agricultor familiar e morador da Aldeia Picuru, em São João das Missões. “Poderemos entregar a produção de uma vez só e receber uma quantidade maior de dinheiro por isso, o que vai nos ajudar bastante”, comenta.
Isso porque, a partir do momento que o agricultor se cadastra no programa, tem a garantia de que vai comercializar a produção e receber por ela.
Em sua propriedade de apenas dois hectares, Lucas produz feijão, milho, melancia, abóbora, tomate, coentro e cebolinha. Cultivos que melhoraram muito com as orientações do técnico da Emater-MG Renato Lopes (foto). É com a ajuda dele que Lucas está estudando a instalação de placas solares e melhorias no sistema de irrigação.
Segundo Renato, o grande desafio do trabalho é a limitação de água no município, mas, ainda assim, ele acredita que a produção será satisfatória e vai atender à missão do programa.
Para ele, o impacto na vida destes agricultores é bastante positivo. “É mais uma janela de mercado para esses produtores. E, para aquelas aldeias que não têm a oportunidade de produzir por falta de água, é mais uma alternativa de alimento”, afirma.
Municípios com maior concentração de indígenas
A assessora técnica da Seapa, Mariana Moret, explica que a destinação da verba inédita surgiu após os coordenadores do programa constatarem a baixa participação de povos e comunidades tradicionais no programa, apesar de ser uma população que tem prioridade para estar na iniciativa.
“Selecionamos municípios com a maior concentração de indígenas e agricultores com boa produção e interesse em participar do programa”, contextualiza.
“Essa verba reforça a importância do atendimento do poder público a esses produtores e, com isso, torna-se um incentivo para que os indígenas expandam a produção e cheguem a outros mercados”, analisa Mariana.
O coordenador técnico estadual de Comercialização e Gestão da Emater-MG, Raul Machado, ressalta que o trabalho de assistência técnica e orientação da empresa com os povos indígenas é muito específico, em função de seus costumes, hábitos alimentares e formas de produzir. Por isso, é importante repassar novas técnicas de cultivo e manejo, levando-se em consideração, os ensinamentos milenares dos antepassados indígenas.