Cidades

HMC participa de pesquisa publicada nos EUA sobre transplantes renais

IPATINGA – O dia 3 de abril de 2013 já está na lista das datas mais importantes da vida da professora Daniele Eleutério Neves. Não apenas por ter comemorado seu aniversário de 27 anos, mas por ter ganhado mais saúde e vida nova, ao receber da mãe Rita de Cássia o presente mais esperado após 11 meses de hemodiálise: um novo rim transplantado.

“Para mim, foi uma benção de Deus, uma mudança mesmo. Mudou o meu humor, meu jeito de ser, minha autoestima, minha relação com a família e meu ânimo para voltar a fazer as coisas do dia a dia, sem dores nos braços. Hoje, sou mais bem disposta para tudo”, agradece.

ESTUDO
Daniele é uma das 295 pessoas transplantadas com sucesso nos últimos dez anos pela equipe de Transplante Renal do Hospital Márcio Cunha (HMC), em Ipatinga, referência para casos de alta complexidade em nefrologia em todo o Leste de Minas Gerais. Recentemente, ela entrou para outra importante lista, a de 237 pacientes cujos casos foram estudados por uma análise prospectiva que avaliou a evolução clínica de pacientes transplantados com baixo, médio e alto risco imunológico. O protocolo e a metodologia utilizados estão de acordo com trabalhos semelhantes realizados nos principais centros de transplante renal do mundo, sendo publicado numa importante revista da área nos Estados Unidos – “Transplantation Proceedings”, da Sociedade Americana de Transplantes.

O trabalho foi desenvolvido em conjunto por médicos de cinco centros transplantadores de Belo Horizonte: o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais, Hospital Santa Casa, Hospital Felício Rocho, Hospital Universitário São José e Hospital Evangélico, apoiados pelo MG Transplantes, o ICB Bioinformática e o Laboratório ImunolabTx, além de médicos da equipe de transplante renal do Hospital Márcio Cunha, o único centro transplantador do interior de Minas Gerais que participou deste trabalho.

“Isso demonstra que o nível de qualidade de nossa equipe e as nossas condutas estão alinhadas às condutas dos melhores centros do estado e do Brasil, com resultados equivalentes à literatura internacional”, destaca Carlos Alberto Chalabi Calazans, médico nefrologista coordenador do Serviço de Transplante Renal do Hospital Márcio Cunha.

AVALIAÇÃO
O protocolo estabelecido pelos pesquisadores dividiu os pacientes renais transplantados de doadores vivos e falecidos em quatro grupos, estabelecendo condutas a serem tomadas em função dos aspectos imunológicos. “Foi avaliada a compatibilidade do HLA (Antígeno de Histocompatibilidade Humana) entre o receptor e o doador. É baseado no HLA do doador e do paciente (receptor) e nos anticorpos dirigidos presentes no sangue do doador contra o HLA do receptor que o organismo é capaz ou não de rejeitar o novo rim transplantado.Quanto mais semelhante, menor o risco e quanto mais distinto, maior será o risco de rejeição do organismo do paciente ao órgão transplantado”, explica.

SEM REJEIÇÃO

A implantação do protocolo proposto resultou em uma avaliação imunológica precisa de potenciais receptores de transplante, que agiliza a avaliação pré-transplante e diminui o tempo de isquemia do rim a ser transplantado. Ao estratificar o risco de rejeição baseada em anticorpos antes do transplante, o médico passa a ter um direcionamento mais preciso sobre o estado imunológico dos receptores, o que auxilia na prescrição dos medicamentos imunossupressores e de outros tratamentos para evitar a rejeição e para manter os pacientes em bom estado clínico.

“Esse é o grande desafio do transplante, conhecer a imunologia de doador e receptor e saber manipular as drogas imunossupressoras, que diminuem a resistência do paciente, para ele não rejeitar o órgão recebido. Para transplantes de pacientes de alto risco, como é o caso da Daniele, é preciso ter uma carga imunossupressora maior e saber ponderar riscos e benefícios desse tratamento. Tudo isso, alinhado ao acompanhamento da função renal do órgão transplantado no primeiro ano, irá predizer qual será a durabilidade do novo rim e como será a qualidade de vida do paciente daí para frente”, conclui Calazans.

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