Cidades

Greta Thunberg denuncia Brasil ao Comitê para os Direitos das Crianças

(DA REUTERS) – Um grupo de 16 jovens ativistas, incluindo a sueca Greta Thunberg, apresentou nesta segunda-feira (23) uma denúncia contra o Brasil e mais quatro potências – Alemanha, Argentina, França e Turquia – ao Comitê das Nações Unidas (ONU) para os Direitos das Crianças.

Os signatários sustentam que a incapacidade desses Estados de enfrentar a crise climática constitui uma “violação dos direitos” dos menores de idade. Além disso, exortam o comitê a ordenar que os cinco países atuem para proteger as crianças dos efeitos “devastadores” das mudanças no clima.

A denúncia é assinada por jovens entre oito e 17 anos provenientes de 12 países, incluindo Thunberg, sueca que lidera a greve global de estudantes em prol do meio ambiente.

“Faço isso porque os líderes do mundo estão fracassando em proteger os direitos dos menores, continuando a ignorar a crise climática”, disse Thunberg. A sueca é uma das estrelas da cúpula da ONU sobre o clima, que acontece em Nova York.

O evento antecede a abertura da sessão de debates da Assembleia Geral das Nações Unidas, que ocorre nesta terça (24), com a presença do presidente Jair Bolsonaro. O governo brasileiro é alvo de pressões internacionais por causa das queimadas na Amazônia e deve usar o palco da ONU para se defender das acusações de negligência na proteção da floresta.

SONHO ROUBADO

A ativista sueca Greta Thunberg disse aos líderes mundiais na abertura de uma conferência de clima da Organização das Nações Unidas (ONU) que eles roubaram sua infância com “palavras vazias”.

“Está tudo errado. Eu não deveria estar aqui em cima. Eu deveria estar de volta à escola do outro lado do oceano”, disse a adolescente sueca, de 16 anos, com a voz embargada, durante a cúpula da ONU sobre mudanças climáticas, cobrando os adultos por não terem feito o suficiente para proteger o meio ambiente.

“Vocês roubaram meus sonhos e minha infância com suas palavras vazias”, disse.

Dias depois de milhões de jovens irem às ruas de todo o mundo para exigirem uma ação emergencial contra a mudança climática, líderes se reuniram na ONU nesta segunda-feira para tentarem injetar um novo ímpeto nas iniciativas hoje travadas para conter as emissões de carbono.

PLANOS DE AÇÃO

O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou os governos que teriam que oferecer planos de ação para se qualificarem para falar na cúpula, que pretende fortalecer o Acordo de Paris de 2015 para combater o aquecimento global.

“Milhões de todo o mundo (estão) dizendo claramente não somente que querem mudança, não somente que os tomadores de decisão precisam mudar, mas que querem que sejam responsabilizados”, disse Guterres em uma cúpula climática juvenil separada que presidiu, no sábado.

Líderes mundiais, como a chanceler alemã, Angela Merkel, o presidente francês, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, discursam na reunião de um dia, além de empresas que trabalham para promover a energia renovável.

ANTI-CLIMA

O presidente dos EUA, Donald Trump, que rejeita as mudanças climáticas e que desfez todas as principais regulamentações dos EUA destinadas a combater o aquecimento global, fez uma breve aparição na cúpula, juntamente com o vice-presidente Mike Pence e o secretário de Estado Mike Pompeo.

Trump, cujo comparecimento na cúpula não era esperado, não fez comentários, mas ouviu as declarações da chanceler alemã, Angela Merkel, e do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.

FUNDO

Merkel anunciou que a Alemanha dobraria a contribuição da Alemanha para um fundo da ONU para apoiar países menos desenvolvidos no combate às mudanças climáticas, passando de 2 bilhões de euros para 4 bilhões de euros.

Na esperança de motivar os líderes que entravam na sede da ONU em Nova York, pedidos de ação feitos por jovens foram projetados na lateral do edifício principal.

“Tudo precisa mudar, e isso tem que começar hoje”, dizia uma das mensagens projetadas de Greta Thunberg, ativista sueca, defensora do meio ambiente, que inspirou uma greve climática global na sexta-feira passada.

URGÊNCIA

Tendo em conta o desenrolar mais rápido do que o esperado de eventos climáticos extremos, do derretimento do subsolo congelado e da elevação dos mares, cientistas dizem que a urgência da crise se intensificou desde que o Acordo de Paris foi firmado.

O pacto entrará em uma fase de implantação crucial no ano que vem, depois de outra rodada de negociações no Chile em dezembro. As promessas feitas até agora nos termos do acordo não chegam nem perto de bastar para evitar um aquecimento catastrófico, alertam cientistas, e no ano passado as emissões de carbono atingiram um recorde.

Embora alguns países tenham feito progresso, alguns dos maiores emissores continuam muito atrasados — apesar de incêndios florestais, ondas de calor e temperaturas recordes terem oferecido um vislumbre da devastação que pode estar à espreita em um mundo mais quente.

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