Número de casos ultrapassa 160 mil e previsão é que número de mortos dobre em 20 dias
BRASÍLIA – Sem conseguir dar uma resposta à altura ao avanço do novo coronavírus, o Planalto assiste inerte ao aumento do número de casos, enquanto o presidente, grande parte do seu governo e de seus seguidores debocha da situação, pede o fim do isolamento social, não consegue ampliar a testagem, aparelhar UTIs e melhorar as condições de trabalho dos profissionais de saúde. Paralelamente, Bolsonaro continua criando crises políticas e institucionais, ao mesmo tempo em que critica prefeitos e governadores, zomba dos brasileiros e minimiza os efeitos da pandemia.
O Brasil chegou hoje a 11.123 mortes pelo novo coronavírus, segundo os últimos dados divulgados pelo Ministério da Saúde. Foram 496 óbitos confirmados nas últimas 24 horas. A pasta também anunciou que, até o momento, o país contabilizou 162.699 casos confirmados de covid-19. De ontem para hoje, foram 6.760 novos diagnósticos. A taxa de letalidade é de 6,8%.
SIMULAÇÕES
Simulações feitas por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e publicadas hoje pelo jornal “O Globo” mostram que o número de mortes por covid-19 pode dobrar em 20 dias. Além disso, é possível que o país tenha 400 mil casos até o dia 5 de junho. Especialista em aplicações médicas e biológicas do grupo, Carlos Alberto Bragança Pereira é o responsável pelo cálculo da estimativa. Para chegar ao número ele usa um modelo que leva em conta o número de infecções e o período de sobrevida ao vírus nos casos em que há mortes.
O modelo foi testado por Pereira com dados da China, epicentro inicial da covid-19. Foi detectado que o comportamento do vírus varia de acordo com o estado. Dessa forma, o pico de contaminação no Rio de Janeiro, por exemplo, pode acontecer em agosto, chegando a 100 mil casos. Já em São Paulo, atual epicentro no Brasil, o pico pode acontecer no fim de maio, podendo chegar a um número entre 135 mil e 160 mil casos. O estado pode ter até 6 mil mortes em 20 dias.
O médico sanitarista e diretor da Faculdade de Saúde Pública da USP, Oswaldo Yoshimi Tanaka, acredita que o isolamento social é a única forma de evitar que pessoas morram esperando uma vaga em UTI. “Se todos pegarem de uma vez, vão morrer sem chegar a uma UTI. O isolamento é uma questão ética, moral e de humanidade”, disse.
SOMATÓRIA
Os números de diagnósticos e óbitos confirmados nas últimas 24 horas não necessariamente ocorreram no último dia. Segundo o Ministério da Saúde, os óbitos e casos podem ter ocorrido desde o início da pandemia no país, mas só foram comprovados como covid-19 entre ontem e hoje. Por conta dessa atualização retroativa, são contabilizados no cálculo diário mortes que ocorreram, por exemplo, há um mês, o que altera consideravelmente a percepção do avanço da pandemia.