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Golpe derruba Morales na Bolívia

Foto: Evo Morales e o vice-presidente Álvaro Garcia Linera

Ex-presidente foi alvo de protestos violentos e de rebelião de policiais; oposição incendiou casas de parentes e aliados e emitiu mandão de prisão ilegal contra Morales

(DA REDAÇÃO) – O golpe que derrubou o presidente da Bolívia Evo Morales acendeu o alerta vermelho sobre a instabilidade política e a ameaça aos regimes democráticos na América Latina. O vice-presidente Álvaro García Linera também deixou o cargo, assim como a presidente do Senado, Adriana Salvatierra e o presidente da Câmara dos Deputados, Víctor Borda, abrindo um vácuo de poder na Bolívia. A decisão de Morales foi tomada após uma onda de violentos protestos que incendiaram as casas de líderes políticos alinhados com o governo e da rebelião de policiais, que se recusaram a reprimir as manifestações contra Evo Morales.

O líder regional opositor boliviano Luis Fernando Camacho

GOLPE

O ex-presidente renunciou à presidência da Bolívia em meio a uma profunda crise política no país e se disse vítima de um golpe “cívico-político-policial” e afirmou que renunciou para tentar pacificar o país. Ele deixou a capital La Paz e usou o Twitter para denunciar que é alvo de um “mandado de prisão ilegal”. “Renuncio a meu cargo de presidente para que (Carlos) Mesa e (Luis Fernando) Camacho não continuem perseguindo dirigentes sociais”, disse Morales em discurso transmitido pela TV, referindo-se a líderes opositores que convocaram protestos contra ele desde o dia seguinte às eleições de 20 de outubro e também aos ataques contra pessoas ligadas a ele.

“Eu denuncio ao mundo e ao povo boliviano que um policial anunciou publicamente que ele foi instruído a executar um mandado de prisão ilegal contra mim; da mesma forma, grupos violentos assaltaram minha casa. Os golpistas destroem o estado de direito”, escreveu o ex-presidente em sua conta no Twitter.

MILITARES E OPOSIÇÃO

O comandante-chefe das Forças Armadas da Bolívia, o general Williams Kaliman, havia pedido hoje a Morales que renunciasse. O país mergulhou em uma crise, com uma onde de protestos contra a questionada reeleição de Morales na votação de 20 de outubro, nas quais a OEA (Organização de Estados Americanos) viu irregularidades. “Após analisar a situação conflituosa interna, pedimos ao presidente de Estado que renuncie a seu mandato presidencial permitindo a pacificação e a manutenção da estabilidade, pelo bem da nossa Bolívia”, disse o general Kaliman à imprensa.

O líder regional opositor boliviano Luis Fernando Camacho foi à sede de governo, em La Paz, para entregar uma carta de renúncia que pretendia que Evo Morales assinasse. “Demos uma lição ao mundo. Amanhã a Bolívia será um país novo”, disse o opositor e ex-presidente Carlos Mesa depois da renúncia de Morales.

ELEIÇÕES

Morales havia anunciado neste domingo a convocação de novas eleições gerais e decidido renovar a totalidade de magistrados do Tribunal Supremo Eleitoral, depois da publicação de um informe de auditoria da OEA contrário ao processo eleitoral de 20 de outubro. Ele venceu a eleição com dez pontos de vantagem (margem mínima necessária para evitar o segundo turno) sobre o rival Carlos Mesa. Mas a apuração de votos foi interrompida durante quase um dia inteiro, o que provocou acusações de fraude e desencadeou protestos, greves e bloqueios de rodovias. O informe da OEA, divulgado hoje, disse que a organização “não pode validar os resultados da presente eleição, e portanto se recomenda outro outro processo eleitoral”, apontando irregularidades na contagem de votos”.

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