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Garimpeiros tomam aldeia e matam cacique; Bolsonaro não vê indício forte

BRASÍLIA – Índios denunciaram às autoridades públicas que garimpeiros invadiram a Terra Indígena Waiãpi, no oeste do Amapá, e que um cacique foi morto durante a invasão. Segundo relatos, os garimpeiros estavam acampados no interior da reserva.

O Conselho das Aldeias Waiãpi-Apina disse, em nota, que o cacique Emyra Waiãpi foi morto de forma violenta na última segunda-feira (22) na aldeia Waseity.

Ao comentar pela primeira vez o caso da morte do líder da etnia waiãpi no Amapá, o presidente Jair Bilsonaro (PSL) disse que “não tem nenhum indício forte” de que ele tenha sido assassinado. “Não tem nenhum indício forte que esse índio foi assassinado lá. Chegaram várias possibilidade, a PF está lá, quem nós podemos mandar nós já mandamos. Buscarei desvendar o caso e mostrar a verdade sobre isso aí”, afirmou o presidente, ao deixar o Palácio da Alvorada nesta segunda-feira.

SEM TESTEMUNHA

A morte do líder não foi testemunhada por nenhum índio da etnia e só foi percebida na manhã de terça-feira. De acordo com a entidade, na sexta-feira (26), moradores da aldeia Yvytotô se depararam com um grupo de índios não armados e avisaram as demais aldeias pelo rádio. À noite, os invasores entraram na aldeia e se instalaram em uma das casas, ameaçando os índios, que fugiram para outras aldeias da região.

FUNAI

Em nota, a Fundação Nacional do Índio (Funai) informou que acionou as autoridades competentes assim que soube da ocorrência, no sábado (27). O órgão indigenista, vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, deslocou uma equipe para o local, considerado de difícil acesso. Equipes da Polícia Federal (PF) e do Batalhão de Operações Especiais (Bope), da Polícia Militar do Amapá, também estão na região para apurar o ocorrido.

Ontem mesmo, a Procuradoria do Ministério Público Federal (MPF) no estado instaurou uma investigação criminal para apurar a morte do indígena Waiãpi. Procuradores já pediram à PF informações a respeito das denúncias de invasão à terra indígena e sobre as providências já adotadas para “evitar o agravamento do conflito”. “Não é possível afirmar com certeza o que ocorreu até agora”, disse o procurador da República Rodolfo Lopes.

RELATO

Em vídeo divulgado nas redes sociais pela prefeita de Pedra Branca do Amapari, Beth Pelaes (PMDB), o coordenador indígena do município Kurani Waiãpi relata que, segundo os Waiãpi, ao menos 50 garimpeiros fortemente armados estavam acampados já há alguns dias próximo à aldeia Mariry, no interior da terra indígena.

De acordo com a prefeita, os garimpeiros mataram um dos líderes indígenas da etnia na quarta-feira.

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