Cidades

Funcionários do HMI põem paciente na rua

Família questiona atendimento recebido pela filha no HMI; Prefeitura diz que vai abrir sindicância

 

IPATINGA – A madrugada do último dia quatro de fevereiro ficou marcada na vida da dona-de-casa Menara Borges Pires. Ela viveu uma situação complicada com a filha, no Hospital Municipal de Ipatinga. De acordo com Menara, a sua filha S.B.P., de 28 anos, deu entrada na unidade hospitalar com fortes dores nos rins, no dia 3 de fevereiro. Ela foi medicada e encaminhada para observação, de onde seria liberada às 8h do dia seguinte.
Mas não foi o que aconteceu. S.B.P. foi colocada para fora do hospital, horas depois de ter dado entrada.
A alegação do médico que a atendeu e dos enfermeiros responsáveis é que, devido à agitação e agressividade, a moça teve que ser liberada. “A minha filha estava em observação e eu fiquei em casa cuidando dos filhos dela, que são crianças. O hospital tinha todos os meus contatos e o meu nome estava lá como responsável por ela. Eles não podiam ter jogado a minha filha na rua, às 2 horas da manhã; simplesmente eles deram ordem para que ela fosse colocada pra fora”, contou Menara Borges, com indignação.

INÍCIO
S.B.P. foi atendida pelo médico Leonardo Nunes, que indicou os medicamentos e a encaminhou para observação. Em seguida, a irmã adotiva de S. foi até o hospital levar algumas peças de roupa para ela. Ao notar que a irmã estava com os reflexos mais lentos, ela avisou a mãe. “Minha outra filha me telefonou um pouco assustada dizendo que a S. estava meio lenta, como se estivesse mesmo dopada. Eu achei estranho e liguei pra ela, ela me explicou que eles tinham dado um remedinho pra ela, mas não se queixou de nada”, relatou a mãe da moça.
Menara disse que após ter conversado com a filha, ficou mais tranquila. “Ela me falou que estava tudo bem. Eu fiquei cuidando dos quatro filhos dela e um, inclusive, estava doente. Então fui cuidar das crianças e esperar dar a hora de ir buscar a mãe deles”, informou Menara Borges.

ACONTECIMENTOS
No início da manhã do dia 4, a dona-de-casa foi surpreendida com a chegada da filha à sua residência. “Eu levei um susto, minha filha chegou na porta do prédio onde eu moro gritando muito, às 6h30. Quando ela subiu as escadas, eu notei que ela estava descalça e com umas escoriações pelo corpo. Tentei conversar com ela, mas ela estava muito abatida. Chorava muito e dizia que estava procurando a casa dela. Ela foi tomar banho e acabou dormindo”, disse a dona-de-casa.
Segundo Menara, ao despertar, a filha começou a se lembrar do que havia acontecido. “Ela acordou e mesmo chorando muito conseguiu me explicar o que havia se passado com ela. No início da madrugada, uma enfermeira identificada como Elizângela, em conversa com outro profissional, disse: ‘Aquela ali dá muito trabalho, podem colocá-la pra fora’. E essa ordem foi cumprida pelos outros enfermeiros e pelos seguranças do hospital”, relatou Menara.
De acordo com o prontuário de S.B.P., às 2h ela foi conduzida até a saída do hospital por um vigilante armado. Consta ainda uma observação do médico que a atendeu, informando que a paciente estava muito agressiva.

DENÚNCIA
S.B.P. sofre de transtorno bipolar e, de acordo com sua mãe, o problema se agravou quando a moça percebeu que a enfermeira Elizângela pediu que ela fosse retirada do hospital. “Minha filha me contou que essa moça não gostava dela desde uma outra vez que ela esteve internada no Hospital Municipal. E quando ela percebeu que a Elizângela estava lá perto, ela ficou agitada. E em seguida, veio a ordem para que ela fosse colocada na rua”, disse Menara.
A dona-de-casa contou que S. passou mais de quatro horas andando pelas ruas do bairro Cidade Nobre tentando localizar a casa da mãe. “No período de 2h até as 6h30, a minha filha ficou andando completamente desconectada tentando achar a minha casa e ela gritou em vários portões. Em meio a essa confusão, ela perdeu a bolsa com o passaporte dela e dos filhos, que são americanos, um celular, dinheiro e identidade. E ninguém sabe se ela saiu do hospital com esses pertences”, informou.
Para Menara, os responsáveis devem ser punidos. “Eu quis formalizar essa denúncia porque estou chateada com o procedimento do hospital e com essa enfermeira, pois ela não teve ética profissional”, reclamou.

RETORNO
Após saber dos acontecimentos, Menara Borges Pires retornou com a filha ao Hospital Municipal. “Levei ela no hospital novamente e eles disseram que ela teria que consultar de novo. Aí ela consultou e narrou tudo para o segundo médico que a atendeu. Ela consultou e o médico a internou. Dois dias depois ela foi encaminhada pra um médico psiquiatra. Ficou internada uma semana e depois foi liberada”, completou a dona-de-casa.
Ela preencheu um formulário com as reclamações e o entregou à gerência do hospital. “Me entregaram um formulário para eu fazer a minha reclamação e disseram que iam me responder. Entreguei pra gerente há duas semanas e ela disse que encaminharia ao diretor. Imagino que já está nas mãos dele por causa do tempo, mas ainda ninguém me procurou para falar nada a respeito”, concluiu Menara.


Médico autoriza “encaminhamento de paciente agressiva até a portaria por seguranças”: mãe questiona atendimento

 

Governo disse que abriu sindicância
Ipatinga
– A Prefeitura Municipal de Ipatinga informou por meio de nota que a paciente recebeu atendimento médico no Hospital Municipal Ipatinga (HMI) e que a direção do hospital já abriu sindicância para averiguar as denúncias apresentadas pelos familiares. O objetivo é apurar todos os fatos, e, se for constatado que houve negligência ou irregularidade no atendimento, serão abertos processos administrativos contra os servidores envolvidos.

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