domingo, novembro 24, 2024
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Funai proíbe equipe da Fiocruz de levar assistência aos Yanomami

A Fundação Nacional do Índio (Funai) proibiu que uma equipe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) entrasse na Terra Yanomami para prestar assistência de saúde aos indígenas que sofrem com o surto de malária, desnutrição, falta de medicamentos e abandono do governo. A Funai justificou que “pesquisas e ingressos em terras indígenas estão provisoriamente suspensos, devido ao surto da Covid-19”.

O vice-presidente da Hutukara, principal associação que presenta o povo Yanomami, Dário Kopenawa, criticou a posição da Funai. No último domingo, o programa mostrou, com exclusividade, cenas do colapso na saúde dentro a reserva.

“Por que a Funai não proíbe a entrada dos garimpeiros? Por que está proibindo os médicos na Terra Yanomami para fazer exame? Então, isso é muito revoltante, é muito absurdo”, disse Kopenawa.

A equipe, formada por profissionais de diversas áreas, também faria um estudo sobre o impacto do garimpo na reserva, que é maior do país e, nos últimos anos, enfrenta o avanço da mineração ilegal do ouro. A ideia era tender ao menos 1.200 yanomami.

“É, no mínimo, uma tremenda falta de sensibilidade e uma contradição a Funai negar acesso a uma equipe multidisciplinar de saúde formada por oito médicos com diferentes especialidades, enfermeiros, psicólogos, biólogos, geógrafos”, avalia o pesquisador da Fiocruz, Paulo Basta, que integraria o grupo.

Basta é médico e especialista em saúde indígena e foi um dos responsáveis pela pesquisa que apontou que oito em cada dez crianças menores de 5 anos têm desnutrição crônica na Terra Yanomami. A pesquisa, divulgada no ano passado, foi feita nas regiões de Auaris e Maturacá e teve o apoio do Unicef (braço da Organização das Nações Unidas para a infância).

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