sábado, maio 24, 2025
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Fotógrafo Sebastião Salgado morre em Paris, aos 81 anos

O fotógrafo Sebastião Salgado morreu hoje em Paris, aos 81 anos. A informação foi confirmada pelo Instituto Terra, organização não governamental fundada pelo fotógrafo. Natural de Aimorés (MG), onde nasceu em 1944, Sebastião Salgado construiu uma sólida carreira internacional. Ele morava com a mulher, Lélia Salgado, e o Filho Rodrigo, em um apartamento em Paris, perto da Praça da Bastilha. O estúdio dele na cidade guarda um acervo com mais de 500 mil imagens.

NOTA

Em nota, o Instituto Terra confirmou a morte do fotógrafo:

“Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade. Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora”, diz o texto.

O artista enfrentava problemas de saúde decorrentes de uma malária contraída nos anos 1990, segundo relatou à “Folha de S. Paulo” um amigo próximo. A doença causa uma série de sintomas, desde febre e calafrios até complicações mais graves, como insuficiência renal, cerebral e hepática, que podem levar à morte.

PROXIMIDADE DA MORTE

Em uma entrevista à revista GQ, publicada em junho de 2024, o profissional declarou que, ao completar 80 anos, o corpo não era mais o mesmo e havia chegado a hora de deixar de lado as grandes reportagens. À época, o artista garantiu que a iminência da morte não o assombrava. “Não falei que pararia de trabalhar, só que, aos 80, você atinge uma liberdade inimaginável. O que vier pela frente é lucro. As pessoas vivem, quando muito, até os 90, e estou mais próximo da morte. Não me engajaria em um projeto que se arrastasse por seis ou sete anos, porque possivelmente não teria como concluí-lo”, diz à revista GQ.

HISTÓRIA

Mineiro, era o sexto de dez filhos — e o único homem entre nove irmãs. Formado em Economia em Vitória, no Espírito Santo, e pós-graduado na USP, trabalhou no Ministério da Economia em 1968.

Durante a ditadura militar, foi obrigado a exilar-se, indo morar em Paris (1969). Na capital francesa, ele fez doutorado em Economia, em 1971. No mesmo ano, começou a trabalhar na Organização Internacional do Café, como consultor no controle de plantações na África.

Foi estudando os cafezais africanos que descobriu as possibilidades da fotografia: melhor meio de retratar a realidade econômica do que textos e estatísticas. Retornando a Paris, em 1973, iniciou a vida como fotojornalista.

Suas primeiras reportagens foram sobre a seca na região africana de Sahel (faixa ao sul do Saara) de Níger e trabalhadores imigrantes na Europa. Em 1979, tornou-se membro da Magnum Photos, uma cooperativa de fotógrafos. Iniciou então a comovente série de fotografias documentais sobre camponeses na América Latina. O trabalho, que durou sete anos, resultou no livro “Autres ameriques” (1986).

Em 1986, trabalhando para a organização humanitária Médicos Sem Fronteiras, fotografou, durante 15 meses, os refugiados da seca e o trabalho dos médicos e enfermeiros voluntários na região africana de Sahel da Etiópia, Sudão, Chade e Mali, o que resultou no livro “Sahel : l’homme en detresse”. A série “Workers”, sobre trabalhadores em escala mundial, realizada de 1987 a 1992, correu o mundo em exposição.

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