domingo, novembro 24, 2024
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Foi, mas não é mais

Wanderson R. Monteiro

A cultura é o conjunto dos padrões éticos, morais, das crenças, das instituições, das manifestações artísticas, literárias, intelectuais, sociais, linguísticas e comportamentais de um povo ou civilização, transmitidos coletivamente, e típicos de uma sociedade.

A cultura de um povo tem uma grande influência nos indivíduos que o formam; sua filosofia tem a capacidade de moldar todo o pensamento e imaginário popular sem que as pessoas percebam, mudando sua forma de pensar, seus hábitos, seus atos, suas ações, e toda sua forma de enxergar, compreender, e atuar no mundo.

A cultura de uma nação pode sofrer várias mudanças ao longo dos anos, pode ser mudada, destruída, e também restaurada, mas esse processo de mudança de uma cultura, seja para o bem, ou para o mal, é, aos olhos da maioria das pessoas, um processo longo e demorado. Mas, depois que os principais alicerces de uma nova cultura são lançados e começam a dar seus frutos, as transformações podem ocorrer em um ritmo espantoso.

Ao longo dos anos, pôde-se ver inúmeras mudanças acontecerem em nossa sociedade, ocorrendo em uma velocidade espantosa, sendo consequência das bases lançadas ao longo de todo o século XX. A velocidade das mudanças e transformações que vemos em nosso tempo é fruto de uma das principais características da época e da cultura na qual nos encontramos na atualidade: a Pós-modernidade. A pós-modernidade é um estado cultural que se formou a partir do final do século XIX, e é um produto das “transformações que afetaram as regras dos jogos da ciência, da literatura e das artes”, como diz Jean-François Lyotard, um de seus principais teóricos.

A falta de constância é uma das principais características da pós-modernidade, consequência da falta de fundamentos sólidos; seja nas questões religiosas, nas questões morais, éticas, estéticas, científicas, filosóficas, etc. Em todas as áreas da cultura são escassos os princípios fixos, sólidos, inabaláveis; tudo está sujeito a mudanças rápidas e constantes.

Na atualidade, tudo está sujeito a constantes mudanças, a interpretações e re-interpretações. Por não ter um ponto de referência, tudo é interpretado a partir da visão pessoal de cada um; certo e errado, verdade ou mentira, bem e mal, moral, ética, bom ou ruim, etc., todas essas coisas são vistas como questões de opinião pessoal, como pontos de vista, ou, da ótica ideológica.

Toda essa flexibilidade e inconstância em todas as áreas da cultura que nos cerca nos leva a um sentimento de insegurança, já que tudo o que consideramos hoje como certo, e como verdade, amanhã pode não ser, e para muitos, mesmo hoje, algo já foi (certo ou verdade), mas não é mais, por não considerarem o certo e a verdade como nós consideramos, por terem outro ponto de vista acerca do que consideramos certo e verdade. A pós-modernidade nos lançou em um grande relativismo, o que, por sua vez, nos lega inúmeros conflitos, provocando assim o caos moral e, consequentemente, o caos social.

Wanderson R. Monteiro

(dudu.slimpac2017@hotmail.com)

São Sebastião do Anta – MG

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