Policia

Família de detenta diz que vai acionar justiça contra o Estado

Irmã relata as condições em que Dandara (detalhe) vivia dentro da cela feminina    (Crédito: Gizelle Ferreira)

 

IPATINGA – A família de Dandara Maiara de Arruda, 19 anos, prometeu entrar com um processo por danos morais contra o Estado. Dandara era detenta do Centro de Remanejamento de Presos, Ceresp de Ipatinga, e faleceu na última sexta-feira (11), acometida por uma doença contagiosa dentro da unidade prisional.
A irmã dela, Kátia Cristina de Souza Arruda, 35 anos, acredita que as condições do Ceresp de Ipatinga favoreceram o aparecimento da doença que matou a Dandara. Nas visitas feitas pela família ao Ceresp, a irmã disse que Dandara contava em que condições estava dentro da cela feminina. “Dos seis meses que estava lá, cinco meses ela ficou dormindo no chão, debaixo de uma outra cama, junto com a outra colega que faleceu”, relatou. Dandara foi condenada por associação ao tráfico.
No atestado de óbito de Dandara consta como causa da morte uma infecção generalizada e virose. A jovem de 19 anos morreu três dias depois da sua companheira de cela, Aline Vieira de Paula, também de 19 anos. Outras 18 pessoas, entre agentes penitenciários e detentas, foram encaminhadas ao Hospital Municipal de Ipatinga com os mesmos sintomas apresentados pelas duas jovens que morreram: febre, vômito, prostração e pressão baixa.
A suspeita da Secretaria de Estado da Saúde é que o surto tenha sido causado por doenças transmitidas por ratos, como a Lepstospirose e Hantavirose. A suspeita se deve ao fato de agentes municipais de saúde terem encontrado um gato morto próximo a uma caixa d`água, na entrada do presídio.
A família de Dandara relata outra situação dentro do Ceresp. A mãe da jovem, Eunice Maria de Souza, 63 anos, disse que a filha sempre comentava com ela da existência de um criadouro de porcos dentro do Ceresp. E, segundo ela, quem cuida dos porcos são os presos. “Além disso, esta cela, onde ela e a amiga dela ficavam, é superlotada. Lá dentro tem mulher com doenças sexualmente transmissíveis, com câncer, tudo misturado. Chega a ser desumano. Onde estão os direitos humanos? Por isso nós vamos acionar a justiça, para que não ocorra com outras pessoas o que aconteceu com a Dandara, com a Aline e com as outras detentas que adoeceram”, desabafa.

SITUAÇÃO
Ainda permanecem internadas seis detentas. Todas elas foram imunizadas contra meningite e gripe. A situação da ala masculina está em avaliação. Antes de fazer uma vacinação em massa, o Governo do Estado quer saber se todos vão precisar, de fato, receber as doses. As visitas ao presídio continuam suspensas. E a unidade está interditada por causa do surto. Ninguém entra e nem sai do presídio. Apenas agentes penitenciários imunizados estão autorizados à troca de turno.
Os alvarás de solturas foram suspensos até que saia o resultado dos exames laboratoriais das amostras recolhidas. A medida adotada pelas Comarcas locais é uma forma de prevenção. Além disso, os presos que deveriam ser conduzidos ao Ceresp de Ipatinga estão sendo encaminhados ao Presídio de Coronel Fabriciano. O Ceresp de Ipatinga hoje tem 524 detentos, mas a capacidade é para 175.

Você também pode gostar

PHP Code Snippets Powered By : XYZScripts.com