Cidades

Fabriciano volta a ter hospital público

Secretário de Estado Antônio Jorge inaugurou a 1ª etapa das obras do Hospital São Camilo, em Fabriciano: ele não economizou alfinetadas à Administração Municipal   (Crédito: Nadieli Sathler)

 

FABRICIANO – A tão esperada reabertura do Hospital São Camilo, única instituição de atendimento a pacientes do SUS no município de Coronel Fabriciano, finalmente se concretizou na manhã de ontem (30).
Os médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e demais funcionários começaram a dar expediente na unidade pouco após o descerramento da placa inaugural, feito pelo secretário estadual de Saúde, Antônio Jorge. “Estamos satisfeitos de ver a reabertura do antigo Hospital Siderúrgica, agora Hospital São Camilo, totalmente reestruturado. Quero aqui deixar consignado o meu respeito à Fundação São Camilo pela brilhante obra em 60 dias úteis. Sempre com a preocupação de atender ao bem comum e sempre feito em tempo recorde”, disse.
O gestor lembrou os problemas de sustentabilidade que a antiga mantenedora passou. “Nós herdamos uma situação muito crítica do ponto de vista de saúde. Posso dizer com autoridade de gestor estadual, que era uma situação singular. Em Minas, nós temos uma precariedade do sistema de saúde municipal e, por consequência, a situação hospitalar chegou no limite, a ponto dessa unidade ter que ser fechada por diversos motivos”, colocou.

DESAPROPRIAÇÃO
Antônio Jorge lembrou que havia um impedimento jurídico para intervenção financeira do governo estadual. “Nós temos uma cobertura da atenção primária aqui que é a pior do Estado, somada a uma ausência de investimentos federais. Assumimos uma posição totalmente dissociada de qualquer preocupação político-partidária, preocupados com a sociedade e a população dessa microrregião. Havia dificuldade jurídica de investir, tivemos uma decisão do governador Anastasia, absolutamente inédita, de desapropriar um hospital para retornar a unidade para a sociedade”, ponderou.
O secretário lembrou que os trâmites jurídicos para que o hospital privado se tornasse propriedade do governo foi feito em menos de 60 dias. “Tudo foi feito com muita urgência. Depois fomos definir uma nova gestão para o hospital. Isso nos foi possível em função da proximidade com Timóteo e com o Hospital Vital Brazil, que é gerido pelo São Camilo. Tivemos a oportunidade de criar esse sinergia em que os dois hospitais se complementem e vão poder, portanto, prestar um serviço que antes não era prestado para a sociedade da região”, ressaltou.
Ao compartilhar os atendimentos entre os municípios de Coronel Fabriciano e Timóteo, Antônio Jorge declarou que a reabertura do hospital tem um impacto positivo em toda a região metropolitana.

LEITOS
O secretário estadual de saúde anunciou ainda a liberação de R$ 2 milhões para a ampliação dos leitos na unidade hospitalar de Coronel Fabriciano. O projeto já estaria, inclusive, aprovado pela ANVISA e apto a ser executado tão logo a lei eleitoral permita o repasse à São Camilo.
“Vamos criar 48 leitos aqui no Hospital São Camilo. Esse é o espírito do governo do estado, daqueles que de fato querem trabalhar, e não fazer exploração demagógica de um assunto tão crítico para a população. Queremos dizer que isso é importante, nesse procedimento podemos qualificar a assistência médica da região ao abrir a UTI. O que implica em serviços de alta complexidade, maior responsabilidade e qualificação. Outra coisa importante é que esse é um serviço caro”, ponderou.

FINANCIAMENTO
A São Camilo receberá mensalmente uma ajuda de R$ 750 mil do governo estadual para manter a unidade hospitalar. Antônio Jorge lembrou que a remuneração não será por procedimento. Mas a produtividade e o cumprimento de metas estabelecidas são primordiais para o recebimento do custeio.
Sobre uma possível suspensão dos serviços, a exemplo do que aconteceu recentemente com o setor de ortopedia do Hospital Vital Brazil, em Timóteo, também administrado pela São Camilo, o secretário afirmou que o Estado tem garantido a sustentabilidade das duas unidades.
“Nós estamos nessa visão de complementação dos dois hospitais, mantendo a ortopedia em Timóteo e as outras clínicas aqui. Os dois hospitais estão financiados, não vejo motivo algum para interrupção. Mas o hospital está de excelente padrão. O meu otimismo é total”, respondeu.
Ao ser questionado se as verbas repassadas à nova mantenedora seriam suficientes para manter o Hospital São Camilo aberto, Antônio Jorge avaliou que a verba do estado foi calculada para não haver problemas de gestão. “A questão de financiamento do SUS, como todos sabem, ela é notoriamente deficitária. Nós estamos aqui inovando com um contrato de gestão. Fizemos um orçamento global, estamos passando recurso, que na nossa visão é suficiente e que será pago mediante metas para o hospital. Se o hospital não atender, não recebe”, explicou.

Atendimento começa a partir deste sábado
Fabriciano
– Os atendimentos aos pacientes serão iniciados à meia-noite de sábado (1º). Foram contratados 170 funcionários, sendo 30 médicos. Colaboradores e especialistas passaram por capacitações intensas durante duas semanas, para prestar um atendimento de qualidade.
“Tivemos intercorrências naturais e comuns a qualquer obra, mas superamos tudo para abrir as portas desse Hospital que atenderá 100% de SUS. Essa é a proposta da São Camilo e do governo do Estado, a de favorecer o acesso aos serviços que fazem parte do direito universal do cidadão”, afirmou Érica Dias, diretora administrativa da unidade de Fabriciano.

Estrutura
O Hospital conta com um total de 51 leitos, sendo 41 para internações e 10 de UTI e outros 12 leitos para observação. Serão oferecidas as especialidades de Clínica Médica e Cirúrgica e Unidade de Tratamento Intensivo. A prioridade do Hospital é o socorro aos pacientes de urgência e emergência. A previsão é de realizar em média 2 mil atendimentos mensais de urgência e emergência.
“Iremos trabalhar com base no protocolo de Manchester, em que numa triagem feita por enfermeiro especializado, iremos definir os pacientes que devem ser atendidos prontamente e os que podem aguardar em segurança. Casos eletivos e sem riscos serão encaminhados às Unidades Básicas de Saúde. É muito importante que a população tenha essa consciência”, acrescentou a diretora.

Atendimento regional

Ainda durante seu pronunciamento, o secretário estadual Antônio Jorge lembrou que as unidades hospitalares administradas pela São Camilo devem suprir a demanda de Timóteo e Coronel Fabriciano.
“Nossa preocupação é com a população da microrregião daqui, que encaminha muitos pacientes para Ipatinga. Do total de internação de média complexidade do Hospital Márcio Cunha, 40% era daqui. Agora tem que ser resolvido no antigo Hospital Siderúrgica”, finalizou.


A previsão é de realizar em média 2 mil atendimentos mensais de urgência e emergência

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