(*) Fernando Benedito Jr.
A extrema direita brasileira, conforme ficou claro pela votação da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, embora sem-vergonha, teve uma derrota envergonhada. Envergonhada porque alguns de seus quadros, por mais canalhas que sejam, não tiveram coragem de votar pela soltura do colega deputado-miliciano, Chiquinho Brasão, preso pelo assassinato de Marielle Franco e de Anderson Gomes.
De Bruxelas, onde participa de um encontro da extrema direita no Parlamento Europeu a convite do Vox espanhol, Eduardo Bolsonaro fez um apelo pela liberdade de Brasão, que já ameaçou abrir o bico se continuar preso.
Veja o apelo de Eduardo Bolsonaro:
Alega a extrema direita que os parlamentares só podem ser presos em flagrante delito por crimes inafiançáveis e este não é o caso – não é o que diz o relatório da Polícia Federal. Para os direitistas, foi mais uma “arbitrariedade” de Alexandre de Moraes em sua aliança com o “tirânico” Lula e é preciso colocar o ministro do STF em seu devido lugar, antes que mais arbitrariedades sejam cometidas.
Desde as primeiras investigações da Polícia carioca e Polícia Federal, que começaram a rondar o Condomínio Vivendas da Barra, que o processo investigativo foi alvo de chicanas, manobras manipulações de toda sorte para se evitar que chegasse aos mandantes. Depois soube-se que tinha um delegado atrapalhando o caso, que tinha um deputado, outro deputado, um vereador e sabe-se lá mais quem. Os dados ainda estão rolando. No final das investigações, antes das prisões, era grande a movimentação dos familiares de Brasão em busca de passaportes e esquemas de viagens para o exterior. Preparavam uma fuga.
Agora, quando tentam soltar Brasão, longe de buscarem justiça, buscam impunidade. Temem o óbvio: que também sejam presos por seus envolvimentos neste e noutros casos igualmente gravíssimos, seja o genocídio na pandemia, de yanomâmis, roubo de joias, fraude de cartões de vacina, envolvimento com milícias, atentados golpistas contra a democracia.
Para salvar a própria pele, não importa se vão lambuzar as mãos de sangue e defender abertamente as milícias.
(*) Fernando Benedito Jr. é editor do DP.