Moradoras de Ipatinga e Coronel Fabriciano aprofundam estudos sobre a metodologia de Augusto Boal e resgatam a história do teatro como ferramenta de transformação social na região
IPATINGA – As especializandas Claudiane Dias Silva, de Ipatinga, e Edna Imaculada Inácio de Oliveira, de Coronel Fabriciano, apresentarão no próximo dia 21 de janeiro de 2025 a defesa do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) intitulado “Teatro do Oprimido no Vale do Aço: Uma Janela, Entre o Ontem, o Aqui e o Agora”. A apresentação ocorrerá das 9h às 10h, na Sala 09 da Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Salvador, com transmissão online pelo Google Meet. O link será disponibilizado via WhatsApp.
O trabalho, orientado pela professora Noeli Turle da Silva (Licko Turle), será avaliado por Claudete Felix, do Centro de Teatro do Oprimido (CTO), e Luiz Augusto da Rocha Vaz, do grupo GestO. A pesquisa analisa os impactos do Teatro do Oprimido no Vale do Aço como estratégia pedagógica, política, cultural e de resistência, além de investigar como essas práticas continuam a influenciar a região.
PESQUISA
As especializandas investiram em uma pesquisa aprofundada ao longo de dois anos, participando presencialmente das aulas na UFBA, em Salvador. Esse envolvimento acadêmico permitiu que Claudiane e Edna ampliassem seus conhecimentos teóricos e práticos sobre a metodologia de Augusto Boal, enriquecendo o estudo com reflexões críticas e vivências práticas.
A experiência presencial também possibilitou a troca de experiências com profissionais de diversas regiões, o que contribuiu para uma análise mais abrangente sobre o impacto do Teatro do Oprimido no contexto histórico e atual do Vale do Aço.
RESISTÊNCIA E TRANSFORMAÇÃO
O Teatro do Oprimido, criado pelo teatrólogo brasileiro Augusto Boal (1931-2009), defende que todo ser humano é um artista por essência e pode utilizar a arte como ferramenta para enfrentar opressões sociais, políticas e subjetivas. Na década de 1990, Boal esteve no Vale do Aço, promovendo oficinas e formações com agentes culturais, professores, assistentes sociais, sindicalistas, representantes de movimentos sociais e das secretarias municipais de Timóteo e Ipatinga.
As especializandas resgatam essa trajetória por meio de entrevistas com participantes das atividades conduzidas por Boal e complementam a pesquisa com relatos pessoais sobre como o Teatro do Oprimido influencia suas práticas artísticas, culturais e políticas atualmente.
DE ALUNA A MULTIPLICADORA
Edna Imaculada iniciou sua trajetória no Teatro do Oprimido nos anos 1990 e foi professora de Claudiane Dias nesse período. Atualmente, Claudiane integra o Grupo de Teatro Farroupilha, em Ipatinga, onde lidera oficinas, cursos, manifestações culturais e apresentações relacionadas ao Teatro do Oprimido. Seu trabalho é realizado em parceria com organizações culturais e movimentos sociais da região.
Edna Imaculada também segue atuante como militante da Roda das Pretas, movimento que utiliza o Teatro do Oprimido como ferramenta de luta contra opressões raciais e de gênero.
A formação presencial na UFBA consolidou o conhecimento das especializandas, que agora buscam renovar e expandir o uso dessa metodologia no Vale do Aço, resgatando sua relevância histórica e projetando novas possibilidades de atuação.
DOCUMENTÁRIO
Como parte do projeto, as especializandas produziram o documentário Teatro do Oprimido, que reúne depoimentos de importantes nomes da cena cultural do Vale do Aço, como Antônio Ademir, Maura Gerbi, Robinson Ayres, Luiz Augusto Rocha, Fábio Brasileiro, Reny Batista, além das próprias Claudiane Dias e Edna Imaculada. A edição do documentário ficou a cargo de Simon Wheeler. O filme resgata a história do Teatro do Oprimido na região, transformando memória em resistência.
Reflexão e continuidade
A pesquisa revela que as práticas do Teatro do Oprimido tiveram impactos positivos na educação e na conscientização política da população do Vale do Aço. Essas ações continuam sendo instrumentos de resistência e transformação social na região.
Para as especializandas, sistematizar e registrar essas experiências é um ato político que reafirma o caráter emancipatório do Teatro do Oprimido. O estudo destaca como essa metodologia segue sendo uma ferramenta potente de transformação social, cultural e política.