Foto: Governo de São Paulo
(*) Fernando Benedito Jr.
A vitória de João Dória sobre Jair Bolsonaro coroa o vexame do avião que iria buscar vacina em Mumbai e não saiu do solo. O governo brasileiro se esqueceu de combinar com os indianos, que sequer haviam iniciado a vacinação de seu povo, e achando que tratava com parias a serem subestimados, poderiam entrar lá, pegar a vacina e sair. Foi de um ridículo absurdo. O Ernesto Araújo ficou chupando dedo na frente do mundo todo e a OMS vendo aquilo.
Depois de um ano ouvindo o genocida falar asneiras sobre vacina, coronavírus, covid-19, cloroquina e ver o país ultrapassar a marca de 200 mil mortes, eis, que, finalmente João Doria vacina a primeira pessoa e crava uma derrota política, sanitária e moral sobre o presidente da República que o deixa mudo – o que é bom, muito bom.
É visível a irritação do Planalto com a acachapante derrota. O ministro-general dá declarações mentirosas sob a máscara em claro tom de raiva. Nem a máscara esconde sua difícil situação de ter que lutar para ter algumas doses de uma vacina que ele, seu chefe e os negacionistas haviam esculhambado dias antes. “A vacina chinesa do Dória”, lembram-se. Aquela mesma que faria as pessoas virarem jacaré, e que introduzia um chip que mudava o DNA das pessoas e as transformava em comunistas teleguiados por Pequim para dominar o mundo. Ciência pura, conforme se vê. Ameaçaram confiscar a vacina chinesa do Dória, mas não tiveram força para isso. Ameaçaram tomar as 6 milhões de doses antes que o governador de São Paulo vacinasse a primeira pessoa. Não conseguiram. A foto foi de Dória.
A Bolsonaro não restou opção senão vociferar nas redes, que é o que faz de melhor, além de contribuir para minimizar e desestimular as medidas de proteção e distanciamento contra o coronavírus, aumentando o contágio e os óbitos por covid-19. Sua atitude fere frontalmente os preceitos constitucionais de garantia da saúde e da vida do povo brasileiro. É muito mais criminoso que uma pedalada fiscal.
Dória pode não ser o melhor dos governantes. Seu histórico de alianças, inclusive, deixa claro suas opções políticas e ideológicas. Até dois anos atrás era um aliado de primeira hora do atual arquiinimigo. Da junção de suas forças surgiu o Bolsodoria. Mas que foi interessante esta vitória sobre Bolsonaro, isso foi.
E o principal é que vem a propósito de uma boa causa. Temos vacina!
(*) Fernando Benedito Jr. é editor do “Diário Popular”.