Ex-dono de bet diz que financiou campanha eleitoral de 2022 e não recebeu
Assista o vídeo:
IPATINGA – O empresário William Gomes de Almeida, ex-proprietário da uma casa de apostas em Ipatinga, explicou em vídeo divulgado nesta sexta-feira (4) os áudios contra o prefeito e candidato à reeleição Gustavo Nunes (PL) que circulam nas redes sociais dando conta de supostas extorsões e pedidos de propina. No vídeo ele conta que os áudios não foram vazados, mas gravados por ele mesmo e entregues ao candidato Heleno do Hospital (Progressistas) e a vereadores que compõem a chapa, para ter mais força junto ao Ministério Público.
William diz ainda que está fora da cidade como forma de preservar sua vida depois de ter recebido supostas ameaças para que não fizesse a denúncia.
No vídeo ele conta que o encontro com Gustavo Nunes que resultou nas conversas gravadas e divulgadas nesta quinta-feira referem-se a um empréstimo no valor de R$ 1,3 milhão feito ao prefeito durante a campanha eleitoral proporcional de 2022 para financiar campanha de um candidato a deputado federal. “Fiz um empréstimo de um capital giro meu de R$ 300 mil e captei no mercado, mais R$ 1 milhão, 300 com um, 500 com outro, e me certifiquei com o prefeito que seria pago dentro de 60 dias na intenção de ajudá-lo”, conta o empresário. Os valores, contudo, não foram pagos em sua totalidade, o que segundo ele, acarretou no fim do seu casamento, na falência dos negócios e outras consequências.
Leia a íntegra o depoimento do empresário William Gomes de Almeida
“Para quem não me conhece, eu sou o Willliam [Gomes de Almeida]. Ontem fui fruto de uma polêmica. Falaram que vazaram um eventual áudio onde tinha uma conversa minha com o Gustavo [Nunes, prefeito de Ipatinga e candidato à reeleição].
Na verdade, não foi vazado o áudio, eu enviei o áudio, não tem vazamento nenhum. Eu enviei para a assessoria de imprensa do candidato Heleno, tomei a decisão de enviar para ele porque ele está acompanhado de 5 vereadores e acreditei que teria mais força no Ministério Público e resguardaria minha integridade física (…)
Ontem recebi três ameaças via Whatsapp, saí do Estado, não estou na cidade de Ipatinga, para tentar resguardar minha vida, porque sei o tanto que isso é perigoso, o tanto que envolve as empresas que foram citadas lá que tem contratos em outras cidades, contratos milionários e minha cabeça está valendo muito pra eles hoje. Então, resolvi sair da cidade por questão de sobrevivência. Mas, o mais importante, que quero dizer aqui, é que o áudio não foi vazado. Eu enviei o áudio, o áudio é meu, o fato realmente ocorreu, posso relatar aqui o que aconteceu, que foi na última campanha para deputado federal. Eu tinha uma proximidade muito grande com o Gustavo, de amizade, ele frequentava minha casa, a gente era amigo. E no período da campanha eles precisavam de um dinheiro emprestado. Eu tinha uma parte dos recursos, eu tinha uma casa de apostas, tinha movimentação que era do cotidiano da empresa.
Na época, ainda estava na fase de regulamentação [a casa de apostas] mas já era legal, desde 2018. Então, fiz um empréstimo de um capital giro meu de R$ 300 mil e captei no mercado, mais R$ 1 milhão, 300 com um, 500 com outro, e me certifiquei com o prefeito que seria pago dentro de 60 dias na intenção de ajuda-lo.
Sei que cometi uns erros, aqui, como se diz, mas estou à disposição da Justiça e do Ministério Público para ser ouvido para responder qualquer assunto, sei das consequências e até por isso estou gravando este vídeo. Eu assumo as consequências dos meus erros, mas ficou parecendo no áudio, editado, picado, que eu estou fazendo lobby, buscando dinheiro aqui, buscando dinheiro ali. Não tem nada disso. Na verdade, eu me endividei, usei meu dinheiro de capital de giro, captei recursos com agiotas e o Gustavo não cumpriu o compromisso que era pagar o recurso em até 60 dias.
Isso acarretou várias dívidas, vários juros e fui me enrolando, isso não é novidade para as pessoas aí da cidade de Ipatinga e culminou num certo desespero que me levou a gravar o áudio da conversa com o Gustavo, onde eu aperto ele, falando: “Gustavo você não pode fazer isso comigo eu estou endividado e preciso resolver esta situação. Você está me quebrando. Eu não sou tão capitalizado”.
Foi onde ele continuou me enrolando, falava: “Ah, pega 100 mil reais com fulano, pega 50 com cicrano, ah, eu tenho tanto para receber da empresa tal e cita os nomes das empresas lá na gravação”. Que é onde eu acho que estou correndo mais risco de vida [pela citação dos nomes das empresas]. Por isso resolvi vir a público me manifestar, porque estou preocupado com a minha vida porque eu sei que onde envolve uma prefeitura que arrecada mais de 1 bilhão por ano, uma disputa eleitoral vale qualquer coisa.
Eu não estou aqui para pedir voto para ninguém, nem para divulgar apoio a prefeito nenhum. Eu estou aqui pela indignação do que foi feito comigo e até hoje sofro reflexos disto. Na época eu perdi meu casamento, minha empresa quebrou e todo dia eu escuto uma notícia que o Gustavo tá isso, tá comprando isso, comprando aquilo. Não por inveja, mas por revolta, eu resolvi encaminhar esse áudio, que na época eu apertei ele [Gustavo Nunes] muito e ele de forma covarde pagou do jeito que ele quis, usando os contatos dele e tentando me enrolar nisso, me tirando da minha própria função, que era minha empresa e me colocando para receber de fulano de cicrano.
Eu não vou citar nomes aqui, mas já dei a procuração pro meu advogado para manifestar no MP, junto com a denúncia feita pelos vereadores e vou estar à disposição da Justiça para falar tudo o que precisar, apresentar provas, tudo. Tenho estas gravações e tenho como provar. O intuito da gravação foi um desespero na época mesmo, financeiro, não foi por questão de gravar ou tomar diferença alguma em relação a recursos. Quem me conhece sabe da forma que sempre trabalhei, sempre tive minha coisas, sempre fui bem sucedido, depois que eu me envolvi com este pessoal, emprestei este dinheiro e capitei este recurso eles me enrolaram todo e acabei entrando numa bolha que até hoje não consegui sair dela
Então resolvi mandar o áudio. Primeiro, para tentar pedir uma garantia para o estado para ter uma medida de proteção da minha vida, porque estou correndo risco, já recebi 2 mensagens de whatsapp falando para eu ficar calado, não falar o nome de ninguém e outra ameaçando até me matar se eu falasse alguma coisa. Então, é isto. Estou à disposição da Justiça, do Ministério Público, da PF e de quem precisar. Eu não estou na cidade, eu sai da cidade de medo, na verdade não é de medo, é para resguardar minha vida e estou à disposição”.