A moeda americana bateu o maior valor nominal de fechamento, sem considerar a inflação, desde a criação do Plano Real
SÃO PAULO – A Bolsa de Valores brasileira fechou em queda de 12,17%, aos 86.067,20 pontos, a maior desde 1998. O dólar comercial fechou em alta de 1,97% nesta segunda-feira 9, dia de crise nos mercados globais e no Brasil. A moeda americana está cotada a 4,72 reais na venda, o maior valor nominal de fechamento, sem considerar a inflação, desde a criação do Plano Real, em 1º de julho de 1994.
A Bolsa brasileira amanheceu em forte queda de mais de 10%, índice mais alto desde maio de 2017, quando o então presidente Michel Temer foi acusado de corrupção pelo empresário Joesley Batista. Pela manhã, o dólar atingiu a casa dos 4,79 reais, sem contar a inflação.
Após despencar, a Bolsa interrompeu as negociações por 30 minutos, com um mecanismo chamado de “circuit breaker”. Em seguida, voltou a operar em queda, ultrapassando os 12%. Para haver uma nova interrupção, seria preciso passar a faixa dos 15%.
A crise nos mercados mundiais está ligada ao surto do coronavírus e ao acirramento da disputa entre Rússia e Arábia Saudita pelos preços do petróleo, o que impactou nas Bolsas da Ásia, Europa e Estados Unidos.
No caso do coronavírus, o fácil contágio da doença fez com que governos e empresas de todo o mundo restringissem a circulação de pessoas. A China, segunda maior economia do mundo e país com maior número de pessoas infectadas, tem paralisação de fábricas e, como consequência, desaceleração industrial.
Já a disputa pelos preços do petróleo decorre de uma decisão da Arábia Saudita em reduzir seus preços e estimular o aumento da sua produção em abril.
O país é o maior exportador de petróleo do mundo e considerado líder não declarado da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Com a diminuição dos preços e o aumento da produção, os sauditas estão retaliando a Rússia, que se recusou a participar de um movimento da Opep em reduzir a produção do petróleo e segurar os preços do produto, que estão em queda pela epidemia do coronavírus.
Os países que são produtores de petróleo, como Brasil, Venezuela e Irã, podem ser diretamente prejudicados com a diminuição dos preços.