Cidades

Droga avança e ocupa espaço público para o lazer e esporte

O campo da Pedreira e suas principais dependências estão praticamente abandonados: usuários de drogas intimidam  (Fotos: Nadieli Sathler)

 

IPATINGA – O campo de futebol do bairro Esperança, também conhecido como campo da Pedreira, deixou de ser um lugar bem frequentado desde que usuários de drogas e moradores de rua se apoderaram do espaço que deveria ser destinado ao esporte e lazer da comunidade.
Segundo moradores, durante a semana, nem mesmo à luz do dia é possível ver crianças ou adolescentes praticando futebol no local. Isso porque os dependentes químicos ficam constantemente pelos cômodos do vestiário anexo ao campo.
No momento em que a reportagem esteve no local, três usuários foram vistos nos arredores. E no campo, dois adolescentes corriam ao redor do gramado. Com o apoio de um morador das imediações foi possível se aproximar do campo.
O cômodo usado pelos invasores possui colchão, restos de comida e pedaços de pano. Dos três cômodos existentes no vestiário, apenas dois estão sendo usados para guardar o material dos times que usam o espaço nos finais de semana.
Uma lata de refrigerante com várias “guimbas” de cigarro também foi localizada dentro do vestiário. O objeto é usado em substituição à “marica”, cachimbo empregado para consumo do crack.
Uma moradora que reside próximo ao campo relatou que à noite o número de usuários transitando pelo campo aumenta. Intimidada, a comunidade não se arrisca a acionar a Polícia Militar, com medo de represálias.
“Quando escurece nem posso sair na porta de casa. Outro dia mesmo tinha três deles aqui na frente da minha casa. Assim que a Polícia aparece eles somem, mas depois que a viatura vai embora começam a jogar pedra lá de cima, e cai no meu telhado”, revelou.
A dona-de-casa, que prefere não ser identificada, mostrou os vários buracos existentes no telhado de sua varanda, causados pelo vandalismo dos usuários de drogas. Ela contou que enquanto estão sob o efeito do entorpecente, eles gritam e arremessam pedras.
“Já aconteceu de cair uma pedra bem no peito do meu marido, e ele tinha operado do coração recentemente. Não tenho medo desses jovens, mas, pena, porque muitos deles querem sair dessa vida. Uma das moças que fica ali no campo contou para uma vizinha minha que a vereadora Amparo iria conseguir um lugar para interná-la. Mas até hoje não vieram buscá-la”, comentou.

ILUMINAÇÃO
Enquanto o vestiário do campo Esperança não for desocupado pelos moradores de rua e usuários de drogas, a Liga de Desportos de Ipatinga (LDI) informou que não vai promover melhorias na estrutura local.
O presidente da entidade, Lúcio Roberto Guedes, se reuniu com os presidentes dos clubes do bairro, Geraldino Liberato de Assis e Mathias Fortunato, e sugeriu que fosse adiada a decisão, em relação ao vestiário.
“É necessário que o vestiário esteja intacto para que seja avaliada e aprovada pelas autoridades competentes a colocação da iluminação naquele estádio. Posteriormente, faremos um projeto ousado para aquela comunidade, com um vestiário e um estacionamento”, declarou.

CRIME
Em nota a Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer informou que vai enviar um representante ainda esta semana para avaliar a situação do vestiário.
“Dano ao patrimônio público é crime previsto no artigo 163 do Código Penal, com pena de seis meses a três anos de detenção, além de multa. Quem presenciar a depredação do patrimônio público pode entrar em contrato imediatamente com a Polícia Militar pelo número 190”, indicou.

POLICIAMENTO
De acordo com o tenente Lindhon Jonhson, responsável pelo policiamento no bairro, as viaturas que atendem ao Esperança tem ciência da vulnerabilidade do local, tanto que tem feito rondas diárias pelo campo de futebol e imediações.
“O campo tem uma geografia que contribui para que usuários se refugiem no local para fazer uso de entorpecentes. Mas todos os dias a viatura de Prevenção Ativa e o Tático Móvel rondam pelo local. A instrução é verificar toda a área, incluindo o imóvel do vestiário”, informou.


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