quarta-feira, maio 28, 2025
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Documentário resgata legado da colônia japonesa em Ipatinga

“Um Japão nas Entrelinhas”, exibido no último sábado (24), celebra a presença nipo-brasileira na cidade, durante sessão comentada, emociona público e abre circuito educativo nas escolas públicas

Fotos: Rodrigo Zeferino

IPATINGA – Com sala cheia, depoimentos emocionados e reflexões sobre pertencimento, foi exibido no último sábado (24), em sessão comentada, o documentário “Um Japão nas Entrelinhas”. A apresentação fez parte das comemorações do Dia da Comunidade Japonesa de Ipatinga e aconteceu na sede da Associação Nipo-Brasileira de Ipatinga (ANBI), no bairro Cariru. A entrada foi gratuita e a programação incluiu oficinas e apresentações culturais.

Dirigido por Sávio Tarso e codirigido por Nilmar Lage, o filme narra a trajetória da colônia japonesa na cidade, destacando como esse legado se entrelaça à formação econômica, social e cultural de Ipatinga. “A colônia japonesa é parte da espinha dorsal da história de Ipatinga. Essa ideia nos acompanhava desde o projeto dos 50 anos da cidade. Agora, com os 60 anos da colônia, sentimos ainda mais necessidade de contar essa história”, afirmou o diretor durante a conversa com o público após a sessão.

INFLUÊNCIAS

A produção, assinada pela Fino Trato, entrelaça entrevistas, arquivos e cenas do cotidiano para revelar como práticas como o cultivo de hortas, a disciplina e os hábitos alimentares passaram a fazer parte da vida ipatinguense por influência direta dos imigrantes.

“Aprendemos com eles a valorizar o que antes era comum e invisível nas roças: couve-flor, brócolis, pepino, gengibre, batata-doce. Hoje isso está nas nossas cozinhas. Foi um aprendizado para a vida toda”, contou Maria Antônia, uma das entrevistadas no filme que trabalha há mais de dez anos para japoneses.

Kikuko Inoue (à direita), uma das mulheres mais longevas da comunidade nipo-brasileira local, e sua filha Yoshiko Honda Inoue, durante gravação de “Um Japão nas Entrelinhas”, que celebra o legado japonês na história da cidade

EMOÇÃO

A sessão também teve momentos de forte emoção, especialmente entre familiares de pioneiros. “É bacana ver minha mãe dando depoimento. Resgatou lembranças do meu pai. Eu me emocionei com a forma como o filme conectou o passado com o presente”, afirmou Jorge Taniguchi.

A proposta de aproximar gerações foi outro destaque do projeto. “A juventude conhece o Japão pelos animes e mangás, mas não a história real da colônia japonesa em Ipatinga. O documentário mostra que há uma história escondida, profunda, que precisa ser contada”, destacou o historiador Pedro Watanabe, ao mencionar o monumento de Tomie Ohtake como exemplo de patrimônio pouco reconhecido.

ALEGRIA

Kei Kitahara (Tahara), filha de Tsuya Tahara, que faleceu algumas semanas após ser entrevistada para o documentário, disse que se emocionou ao ver sua mãe retratada em um filme que captou de forma sensível a sua alegria de viver.

Segundo Nilmar Lage, a sessão comentada reforçou a dimensão pedagógica do projeto. “Ipatinga é uma cidade construída por muitas culturas. O filme provoca perguntas: de onde viemos? O que ainda carregamos conosco? Como honrar essas histórias?”

Tsuya Tahara toca o shamisen, um tradicional instrumento de cordas japonês. A cena, registrada por Rodrigo Zeferino, integra o documentário “Um Japão nas Entrelinhas” e simboliza a presença viva da cultura nipo-brasileira em Ipatinga

LEGADO

O engenheiro Mário Taniguchi, descendente de japoneses, destacou a relevância do filme como instrumento educativo e de preservação da memória: “A importância histórico-cultural, assim, acrescenta muito dentro dos depoimentos que os próprios participantes do vídeo fizeram. Mostra como a cultura permeia a vida de cada um e oferece a chance de conhecer melhor essa história. É um momento importante de aprendizado e de construção de um legado”, afirmou.

Com recursos da Lei Paulo Gustavo e apoio da Prefeitura de Ipatinga, o documentário segue agora para um circuito de exibições em dez escolas da rede municipal, promovendo debates sobre memória, diversidade e identidade cultural.

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