Cidades

Destinação de lixo regional é outro problema a ser resolvido

Outro problema enfrentado não apenas pelo Vale do Aço, mas por praticamente todo o mundo, é a destinação correta dos resíduos sólidos. O lixo se tornou um grande vilão de uma sociedade sustentável e alternativas diversas de utilização do mesmo vêm sendo discutidas. O professor e pesquisador Joner Oliveira Alves, também do Unileste, é especialista no tema e afirma que, no Vale do Aço, são poucas empresas que fazem o trabalho de tratamento dos resíduos. Ele também defende a criação de uma metodologia eficiente de coleta seletiva nas cidades que inclua de maneira geral a participação da população.

Recentemente, o professor dos cursos de engenharia recebeu o prêmio “Vale-Capes de Ciência e Sustentabilidade” pela sua tese de doutorado em que propõe alternativas para a reciclagem do bagaço da cana, do resíduo de milho e de pneus e garrafas PET usadas.

ATERRO

Para Joner Oliveira, a reciclagem e o reaproveitamento do lixo devem ser prioridades antes mesmo dos aterros sanitários. “O aterro deveria ser a última alternativa para envio dos resíduos”, afirmou.
De acordo com o pesquisador, o aterro sanitário do Vale do Aço recebe por dia aproximadamente 300 toneladas de resíduos sólidos municipais, 600 toneladas de entulho de construção civil e 700 quilos de resíduos hospitalares. Outras 10 toneladas diárias de restos de poda e resíduos orgânicos de mercados públicos também são direcionadas ao aterro, sendo parte direcionada para compostagem e outra para aterramento.

De acordo com a Prefeitura Municipal de Ipatinga, o aterro sanitário da cidade possui hoje uma capacidade para seis milhões de metros cúbicos de resíduos e vem sendo ocupado por cerca de 1,5 milhão de metros cúbicos, não representando, a princípio, um risco de esgotamento.

Ainda assim, o professor ressalta que devem sempre ser tentadas técnicas de reciclagem e reaproveitamento dos entulhos. Ele destaca, como exemplo, a reciclagem energética, que tem como objetivo a geração de combustível por meio do lixo. “São Paulo tem enfrentado um esgotamento de diversos aterros e a reciclagem energética é uma das soluções em implantação para este problema”, destacou.

Na região, o pesquisador ressalta de forma positiva o tratamento dado aos resíduos siderúrgicos, principalmente à escória, que possui diversas formas de reaproveitamento, como matéria-prima para pavimentação de estradas e produção de fertilizantes.

CONCILIAÇÃO

Promotor do Ministério Público em Ipatinga que atua na área de defesa do meio ambiente, Walter Freitas vem se envolvendo em diversas questões relacionadas ao assunto e que muitas vezes resultam em medidas polêmicas. A instalação de painéis monitores da qualidade do ar da cidade é uma delas, assim como a proibição de novas construções em Ipatinga devido à ocupação desordenada e sem planejamento ocorrida na cidade.

Para ele, hoje um dos maiores problemas da região quando o assunto é sustentabilidade é conciliar o desenvolvimento e utilização do espaço urbano com o meio industrial e ainda com a natureza existente no Vale do Aço, como o Parque Estadual do Rio Doce, as áreas verdes urbanas e a Área de Proteção Ambiental Ipanema. “Em nossa região, estes três aspectos do meio ambiente (natural, urbano e industrial) se interagem intensamente, e o resultado desta interação é que determina nossa qualidade de vida e a exposição de todos os segmentos e classes sociais da população aos riscos ambientais (poluição, inundações em fundos de vale, deslizamento de encostas)”, afirmou.

As pedras no meio do caminho

Os gargalos da sustentabilidade no Vale do Aço na opinião de especialistas e autoridades:


“O Vale do Aço precisa de uma metodologia eficiente
para o tratamento dos resíduos urbanos, investir na
reciclagem e no reaproveitamento para diminuir o
volume do lixo depositado. Deveria também criar
uma metodologia eficiente de coleta seletiva com
participação de toda a população”


Joner Oliveira Alves
, pesquisador e professor doutor
dos cursos de Engenharia do Unileste


“A sustentabilidade significa dar condição aomorador
de usufruir da cidade com mobilidade, moradia e outros
elementos que garantam o uso do espaço de forma plena.
Isso passa por questões como o tempo de deslocamento
e até mesmo distância da casa para o trabalho. Hoje temos
um grande problema que é a logística, que dificulta o
escoamento da produção e, assim, atrasa o
desenvolvimento regional”


Roberto Caldeira
, arquiteto e urbanista e professor do curso
de arquitetura do Unileste


“Entendo que o maior gargalo ambiental, em termos
de sustentabilidade, é conciliar o desenvolvimento e
utilização do espaço urbano (meio ambiente urbano)
com a inexorável realidade da região industrial na qual
vivemos (meio ambiente industrial) e ainda, as notáveis
áreas verdes da região (meio ambiente natural)”


Walter Freitas
, promotor da 2ª Promotoria de Justiça de
Ipatinga que atua na área de defesa do meio ambiente

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